Por: Deputado INOCÊNCIO OLIVEIRA As barragens que abastecem as hidrelétricas alcançaram um volume de água equivalente, em média, a 68,55% da sua capacidade
O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PFL-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras e Srs. Deputados: Há um ditado popular que diz “Quando uma porta se fecha, outra se abre”, ocorre muitas vezes ficarmos focado na porta fechada e não percebermos a existência da outra escancarada diante de nós, e assim, não aproveitamos a oportunidade a nossa frente. As fortes e prolongadas chuvas ocorridas no Nordeste, no início deste ano, deixou-nos estagnados pelos impactos acarretados: flagelados, desabrigados, infra-estrutura danificada, patrimônios destruídos, doenças e mortes, recesso no turismo, alta nos preços de produtos agrícolas. Estas são algumas das catástrofes do efeito da água, numa região em que, quando o céu está nublado o sertanejo diz que “o tempo está bonito”. Por outro lado, deve ficar pelo menos um saldo positivo: água armazenada pelos próximos 02 anos. Semana passada tivemos uma boa notícia, aquelas mesmas fortes chuvas que caíram no início do ano no Nordeste levaram os reservatórios da Companhia Hidro Elétrico do São Francisco (CHESF) a alcançar um nível de armazenamento quase recorde. As barragens que abastecem as hidrelétricas alcançaram um volume de água equivalente, em média, a 68,55% da sua capacidade. O armazenamento médio só é menor do que o registrado em abril de 2000 - fim da época de cheia - que foi de 71,2%. De acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o lago de Sobradinho, que atingiu um nível de 68,75%, é responsável por quase 70% de toda a água utilizada pela Chesf, podendo esta posição melhorar ainda mais, até abril de 2004, quando acaba o período úmido do Rio São Francisco. Assim, o Nordestino está risonho e o consumidor da região pode estar tranqüilo de que, este ano pelo menos, não há qualquer risco de um novo racionamento de água. Todavia, a operadora alerta que a boa situação dos reservatórios em 2004 não garante boas perspectivas para 2005, e a necessidade de racionamento do consumo de água e energia elétrica haverá de acontecer. Além do racionamento de Energia Elétrica, a escassez de chuvas traz outra ameaça, a falta de água nas torneiras. A água escasseou nas represas e a primeira conseqüência à qual a população teve de se adaptar foi o racionamento de energia elétrica. depois, a ameaça é a falta de água nas torneiras. As grandes cidades brasileiras e todas as capitais do Nordeste conviveram com o racionamento, rodízios de 36 horas com água e 36, ou até mais, sem água, todas as semanas, foi uma das alternativas encontradas nos longos períodos de estiagem. A oferta de água per capita aumentou na década de 90, mesmo assim quase um quarto dos municípios brasileiros não consegue se livrar do racionamento. Em 2000, 1.267 (23%) dos 5.507 municípios precisaram controlar o consumo da água, segundo dados divulgados pelo IBGE. A maior parte dos municípios que racionam (41,7%) é obrigada a economizar água todo ano nos períodos de seca e está localizada no Nordeste. Problemas nos reservatórios e baixa capacidade de tratamento são outros motivos para a redução forçada do consumo da água. Quero registrar aqui, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, meu apelo ao Ministro da Integração Nacional, Dr. Ciro Gomes, para que o seu Ministério preste assistência , sem demora, ao municípios do semi-árido nordestino para fazerem sistemas de abastecimento d’água, para que não sejamos acusados pela falta de responsabilidade perante o gerenciamento da água e o desafio do enfrentamento da escassez no terceiro milênio. Muito obrigado! Sala das Sessões, em 07 de abril de 2004. Deputado INOCÊNCIO OLIVEIRA
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