Por: Deputado INOCÊNCIO OLIVEIRA O grande intérprete da alma sertaneja em centenas de canções
O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PFL/PE pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados: Comemorou-se, ontem, em Pernambuco – e na cidade de Exu, em pleno Sertão do Cariri – o aniversário de Luiz (Lua) Gonzaga, o grande intérprete da alma sertaneja em centenas de canções, que ele próprio compôs ou divulgou, particularmente aquelas em parceria com Zé Dantas. Luiz Gonzaga foi o criador do baião, imortalizou a alma sertaneja nordestina – porque há outros Sertões, Brasil afora – na canção “ASA BRANCA” e, ainda em vida, recebeu o título de “Rei do Baião”, essa homenagem, de cunho monárquico, cuja lembrança os brasileiros não perderam, depois de alguns séculos de Monarquia: “Rei Pelé”, “Rei do Samba”, “Rainha do maracatu”, e tantos outros “slogans” que revelam a alma saudosista do brasileiro, em plena República, no século XXI. Mas, Luiz (Lua) Gonzaga não apenas imortalizou o vaqueiro, o boiadeiro, o cantador, mas os tipos mais simples da vida rural da minha região. Ontem, depois de receber a homenagem dos seus conterrâneos de Exu, ele recebeu a homenagem do povo do Recife, no Pátio de São Pedro, um dos lugares mais poéticos e autênticos do Recife do bairro de São José, com missa na Igreja de São Pedro dos Clérigos e a apresentação de sanfoneiros – mais de 25 – e cantadores, além da neta, que é sanfoneira, Daiane Macedo. Na terra de Luiz Gonzaga, porém, a seca está castigando os agricultores. Mais de 16 cidades de Pernambuco estão sofrendo os efeitos da estiagem e seus Prefeitos já decretaram “estado de emergência”. Estão em situação de emergência Afogados da Ingazeira, Afrânio, Araripina, Belém do São Francisco, Bodocó, Cabrobó, Calumbi, Carnaubeira da Penha, Caruaru, Dormentes, Exu, Floresta, Granito, Iati, Ibimirim, Ibirajuba, Iguaracy, Jatobá, Moreilândia, Mirandiba, Orocó, Parnamirim, Pesqueira, Petrolina, Quixaba, Riacho das Almas, Santa Cruz, São José do Belmonte, Serrita, Sertânia, Tacaratu, Tupanatinga e Verdejante. Alguns desses Decretos foram homologados pelo Governador Jarbas Vasconcelos. Outros aguardam uma definição mais precisa dos setores técnicos que, ao lado da CODECIPE, acompanham a situação de cada comunidade. O número de carros-pipas enviados pela Secretaria de Produção Rural já ultrapassou 200, mas isto não é solução, pois o Governo Federal tem de adotar um plano de emergência através do Ministério da Integração Nacional, que seja abrangente de várias providências, para que não se repitam as mesmas medidas de assistencialismo que vêm caracterizando a atuação dos Governos da União ao longo das últimas décadas. A assistência do Governo Federal deverá incluir a abertura de “frentes de trabalho” e a distribuição de cestas-básicas, com a ajuda, se possível, do Exército Nacional e das Polícias Militares dos Estados, junto às populações carentes. Dentro desse panorama de “seca emergencial”, desenha-se o avanço da desertificação do Nordeste, com a denúncia de que 300 mil km² podem estar atingidos pelo fenômeno, o que equivaleria a 1/3 do semi-árido nordestino. Um dos critérios para identificação do fenômeno é a perda da diversidade vegetal. Segundo técnicos, áreas com menos de 16 espécies vegetais, sejam capins ou árvores, perdem a capacidade de regeneração, espontânea e podem ser consideradas em processo de desertificação. O fenômeno preocupa a ONU, e a SUDENE tem, desde a época de Celso Furtado, estudos apontando para soluções nas áreas mais atingidas, nos anos 60. O “Instituto do Sertão”, com sede em Fortaleza, dispõe, também, de excelentes análises, que se encontram à disposição dos Governos e de particulares interessados. Se continuarmos assim, a desertificação passa a ser um problema a mais de convívio com as “secas periódicas”, se não forem adotadas as providências de reflorestamento tantas vezes reclamadas por cientistas do quilate de Guimarães Duque e Vasconcelos Sobrinho, no País. Muito obrigado! Sala das Sessões, em 14de dezembro de 2004. Deputado INOCÊNCIO OLIVEIRA
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