Por: Inocêncio Oliveira Deputado Federal( PFL/PE.) O Brasil incomoda na área do agronegócio, dentro do mercado internacional de produtores
O agronegócio do Brasil incomoda
Inocêncio Oliveira Deputado federal (PFL-PE)
O Brasil incomoda na área do agronegócio, dentro do mercado internacional de produtores, antes acostumados a ditar as regras. Na OMC, estamos debatendo todos os produtos ou quase todos. E em termos de preços, somos imbatíveis no café solúvel, na soja, no suco de laranja, nas frutas - quando nos permitem vender aços planos, muito em breve "vinho de mesa", tão consumido em todo o mundo, sobretudo na Europa.
Pois esse agronegócio é responsável pelos nossos confortáveis superavits na balança comercial dos últimos meses. O avanço do Brasil, dizia recentemente o governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, incomoda na área de soja - natural ou transgênica - e na produção de frangos. A verdadeira discussão - e nisto estou de acordo com o Governador - "não é ambiental, mas econômica". E há quem veja nos recentes e exacerbados movimentos sociais dos "sem terra" para ocupação de fazendas uma organização política que, para operacionalizar-se, parece ter inspiração de patrocinadores políticos. A quem interessaria pois, a desestabilização no campo, onde começa o agronegócio brasileiro, que foi responsável pelo superavit comercial recente de mais de 20 bilhões de dólares?
A ocupação da Amazônia, as reservas hídricas do Brasil, a soja transgênica, a carne brasileira são sempre temas recorrentes na imprensa internacional especializada em questões agrícolas, econômicas e ambientais, que trazem ao debate aspectos polêmicos, como se o Brasil fosse o grande vilão do Século XXI quando, o que se esconde por trás dessa mídia dirigida, é o receio de que o país se possa transformar, rapidamente, no "Poder Alimentar" que é ou será tão forte quanto o "Poder Militar".
Outro exemplo de pioneirismo e de avanço tecnológico no campo, mas voltado à indústria, é o desenvolvimento do biodiesel, à base da mamona. Os cearenses estão na frente dessa iniciativa, com 10 mil novos hectares de mamona plantados para aproveitamento na extração de óleo combustível.
A Câmara dos Deputados apresentou um projeto de uma mini-usina para produzir biodiesela partir da mamona, que também poderá ser utilizado com o babaçu, coco, dendê etc.
O programa do Ministério da Agricultura, com apoio do Ministério da Integração, deve favorecer o plantio de 100 mil hectares novos de mamona no Nordeste, em 2004 para a produção de óleo. O biodiesel da mamona já vem sendo utilizado com sucesso em outros países, como a Alemanha.
A expectativa é que, com o plantio da mamona, seja possível criar um emprego a cada 2 hectares plantados, no Nordeste do Brasil. Em Pernambuco, o programa já está sendo desenvolvido pelo IPA. Será necessário, porém, delimitar as áreas de cultivo para que não haja interferência com a área reservada ao criatório extensivo, pela ameaça de "invasão" do gado, na busca de alimentação, à alta toxicidade da mamona. Mas, o biodiesel não se restringe apenas à mamona: há experimentos vitoriosos com o dendê, o coco, o babaçu.
Daí porque, com as secas fustigando ainda boa parte do Nordeste, é preciso haver da parte do Governo uma atitude menos fiscalista e maisdesenvolvimentista. Para tanto, precisamos ter uma política de convivência do homem com a seca e uma medida efetiva seria o aproveitamento de produtos adaptáveis às nossas condições climáticas para a produção de biodiesel.
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