Por: Aurilene Ferreira de Oliveira Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação “ Lato-Sensu ” em Programação do Ensino da Língua Portuguesa da Faculdade de Formação de Professores de Serra Talhada em convênio com a Universidade de Pernambuco, em cumprimento às exigências para obtenção do título de especialista.
Autarquia Educacional de Serra Talhada Faculdade de Formação de Professores de Serra Talhada Curso de Pós-Graduação “Lato-Sensu” em Programação do Ensino da Língua Portuguesa
A CAÓTICA SITUAÇÃO DA DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL EM SERRA TALHADA
Aurilene Ferreira de Oliveira Maria das Graças Beserra Lima Marilene Cavalcante Ferraz
Serra Talhada – PE 2003
A CAÓTICA SITUAÇÃO DA DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL EM SERRA TALHADA
Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação “ Lato-Sensu ” em Programação do Ensino da Língua Portuguesa da Faculdade de Formação de Professores de Serra Talhada em convênio com a Universidade de Pernambuco, em cumprimento às exigências para obtenção do título de especialista.
Orientador: Prof. Pedro Henrique de Barros Falcão
Aprovada em ___ / ___ / ___
Banca Examinadora :
_________________________________ Prof. Pedro Henrique de Barros Falcão
_________________________________ Prof. Rodrigo César de O. Pereira OFERECIMENTO
Oferecemos esta conquista aos nossos pais, que nos ajudaram, abdicando dos seus ideais em prol dos nossos sonhos, também aos nossos que nos transmitiram o saber, a compreensão para melhor trilharmos e conduzirmos nosso curso nossas vidas. PENSAMENTO
Não basta ensinar ao homem uma especialidade, porque ele se tornará uma máquina indestrutível, mas não uma personalidade. É necessário que se adquira um sentimento, um senso prático daquilo que vale a pena ser empreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente correto”. (Albert Einstein) AGRADECIMENTOS
A DEUS Agradecemos de todo coração, por nos ter dado o dom mais precioso do universo – A Vida e por nos ter ofertado esta oportunidade de crescimento, iluminando nossos caminhos na realização desse ideal. AOS PAIS A vocês, queridos pais, que compartilharam os nossos ideais e os alimentaram, incentivando-nos a prosseguirmos na jornada, fossem quais fossem os obstáculos; mesmo não estando presentes em alguns momentos porém, nos deram força, mesmo na ausência, mesmo no silêncio. AOS NOSSOS PROFESSORES Nossa gratidão a vocês, em especial ao Prof. Pedro Henrique, que repartiram conosco os seus conhecimentos, colocando em nossas mãos as ferramentas com as quais abriremos novos horizontes, rumo à satisfação plena de nossos ideais profissionais e humanos. AOS NOSSOS COLEGAS
Nossos sinceros agradecimentos a todos os colegas que participaram conosco neste curso, compartilhando experiências do cotidiano da vida escolar, sabendo cultivar a amizade, que o tempo amadureceu e que mesmo agora, quando cada um de nós parte em busca do seu caminho, não se apaguem os brilhos do companheirismo e do respeito mútuo. Que as amizades forjadas nas salas de aula, sejam capazes de vencer o tempo e a distância. RESUMO
O propósito desta monografia foi examinar a situação da Educação Física no município de Serra Talhada, no ensino fundamental (de 5ª a 8ª série), retratando para a comunidade educacional como estão sendo ministradas as aulas, o perfil do profissional desta área e sua relação com o seu público conseqüente. Investigou-se o desempenho dos educadores nas escolas municipais, estaduais e particulares, expondo um breve histórico com suporte em pressupostos teóricos de diversos autores, para se compreender o diagnóstico da realidade. Adotou-se uma metodologia onde foram entrevistados professores, alunos e seus responsáveis, levantando através de amostragem fatos que denunciaram a precariedade do preparo docente e a falta de condições para a realização das aulas. Com base nos resultados obtidos, verificou-se que o fracasso, de um modo geral, está diretamente ligado à prática docente, pois no Município de Serra Talhada apenas 4% dos profissionais que ministram esta disciplina são licenciados em Educação física. Trata-se de um grave descaso em cumplicidade com a falta de fiscalização por parte dos órgãos educacionais, sendo o aluno o principal prejudicado. Por outro lado, este trabalho desempenhou sua função social, oferecendo uma visão mais ampla da importância das atividades físicas no desenvolvimento e na educação do alunado, provocando assim, uma crise de identidade na disciplina para com seus objetivos e uma reflexão na ação do docente para melhor direcionar sua prática educacional.
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS RESUMO
1. INTRODUÇÃO................ 08
2. METODOLOGIA................17
3. RESULTADOS.................21
4. CONCLUSÕES.................29
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................31
6. BIBLIOGRAFIAS..............33
1. INTRODUÇÃO
Toda prática educativa reflete valores ideológicos que se baseiam numa sociedade e num contexto histórico para formar o homem. Para FARIA JÚNIOR ( 1974 ), “ Todo grupo social, numa dada época histórica, possui em sua consciência coletiva, valores de vida e de educação, que se expressam de forma abstrata e genérica, através das finalidades ou fins da educação as quais exprimem, em última análise, as necessidades fundamentais da sociedade em questão”. Sendo uma prática pedagógica a Educação Física originou-se das aspirações da sociedade burguesa na Europa nos fins do século XVIII e início do século XIX. Para este grupo capitalista necessitava-se construir um novo homem: mais forte, mais ágil, mais empreendedor para produzir riquezas. De acordo com MEDINA ( 1987 ) “ A Educação física não se realizou de forma neutra e independente. Não se tornaria prática educacional se distante dos costumes, das classes sociais, da política, de uma ética, de uma estética e, enfim, do contexto existencial mais amplo que a envolve”. O uso dos exercícios físicos compreendia-se como receita e remédio.
Acreditava-se que independentemente das condições materiais dos trabalhadores era possível formar um corpo saudável e disciplinado ou seja, perfeito para os ideais capitalistas. Assim foi enfatizado por SOARES et al (1992) “... a força física, a energia física, transformava-se em força de trabalho e era vendida como mais uma mercadoria pois, era a única coisa que o trabalhador dispunha para oferecer no mercado dessa chamada sociedade livre”. Por este fato, os exercícios físicos tinham certa consideração das autoridades estatais, porque faziam parte dos cuidados físicos como o corpo e fatores higiênicos; aos quais também pertenciam os seguintes hábitos: tomar banho, escovar os dentes e lavar as mãos. Cogitava-se que a construção da nova sociedade e os cuidados com o corpo possuíam uma ligação intrínseca. Concomitantemente, a prática pedagógica da Educação Física foi orquestrada graças às ambições de classe hegemônica, gerando ansiedade acerca da introdução dos exercícios físicos nos currículos escolares. SOARES et al (1992) esclarece que a preocupação com a inclusão dos exercícios nos currículos escolares remonta ao século XVIII com Guths Muths (1712- 1838), J.B. Basedow (1723- 1790), J. J. Rousseau (1712-1778) e Pestalozzi (1746- 1827). Também contribuiu para essa inclusão o surgimento, na Alemanha, das Escolas de Ginástica (Turnevereine) já no século XIX. Sendo associações livres, as escolas alemãs expandiram-se para os demais paises da Europa e para América. Deve-se a elas o papel de pioneiras da Ginástica/ Educação Física por coagirem a inclusão desta prática no ensino formal de todos os paises que possuíam sistema nacional de ensino e escolas, mediante adaptações ou novas propostas. “Surgem as primeiras sistematizações sobre exercícios físicos denominados de métodos ginásticos, tendo como autores mais conhecidos o sueco P.H. Ling, o francês Amoros e o alemão A. Spiess, com contribuições advindas também de fisiologistas como G. Démeny, E. Marey, médicos como P. Tissié e ainda professor de música como J. Dalcroze” (SOARES et al, 1992). Coube a esses profissionais atribuir à Ginástica/Educação Física um caráter sistêmico, criando assim um ambiente favorável para estabelecê-la em relação aos demais componentes curriculares, e justificar a sua existência no âmbito escolar, ampliando o fortalecimento físico e moral dos indivíduos. Também teve papel destacado um médico higienista que atribuiu um caráter científico por embasar os conteúdos (Métodos Ginásticos) nas ciências biológicas. O aporte científico foi determinante para consolidação desta prática pedagógica no interior do sistema educacional. No Brasil, a Educação Física teve seu início vinculado as instituições militares e à classe médica, esta relação determinou a concepção da disciplina, seus objetivos e os métodos de ensiná-la. Com o intuito de melhorar as condições de vida, educar o corpo tornou-se objetivo de muitos médicos higienistas. Assim como os hábitos de saúde e higiene, a Educação Física contribuiu para a formação de um corpo saudável e menos suscetível a doenças e para o fortalecimento da ideologia eugênica. Aliada a educação sexual, ela infundiu no ânimo de homens e mulheres a responsabilidade de perpetuar a “limpidez” da raça branca. “Como o contingente de escravos negros era grande havia o temor de uma “mistura”que desqualificasse a raça branca. Dessa forma, a educação física associada à educação sexual deveria incutir nos homens e mulheres a responsabilidade de manter a “pureza” e a qualidade da raça branca”(Parâmetros Curriculares Nacionais, 1997). Denominada de ginástica, desde 1837 a Educação Física era componente curricular nas escolas brasileiras, mas sua prática não era imposta. Após a Reforma Couto Ferraz em 1851, a ginástica tornou-se obrigatória nas escolas primárias da corte. O fato causou indignação dos pais por os exercícios relacionarem-se ao trabalho físico, tão marginalizado por uma elite, que não queria seus filhos envolvidos em atividades sem fins intelectuais. Embora a elite imperialista estivesse de acordo com os pressupostos higienistas, eugênicos e físicos, havia uma forte resistência na realização destas atividades, por conta da associação entre o trabalho físico e o trabalho escravo. “Qualquer ocupação que implicasse esforço físico era vista com maus olhos, considerada menor” (PCN, 1997). Essa concepção prevaleceu impedindo a obrigatoriedade desta prática educativa até a ocorrência da reforma em 1851. Os meninos participavam das aulas de ginástica por vincular-se as instituições militares, influenciadas pela filosofia positiva, as quais vaticinavam que a ordem e o progresso só seriam estabelecidos por indivíduos fortes e saudáveis, capazes de defender a pátria. Enquanto isso, alguns pais proibiam suas filhas de praticar estas atividades. “Durante discussão na Câmara dos Deputados sobre o projeto de reforma de ensino em 1882, a Educação Física sob forma de Ginástica foi salientada por Rui Barbosa que apresentou sua opinião fundamentada no Projeto 224 – Reforma Leôncio de Carvalho, Decreto nº 7247 de 19 de abril de 1879, da Instituição Publica, que defendia a inserção da ginástica nos programas escolares como matéria de estudo, em horas distintas das do recreio e depois das aulas, e a equiparação dos professores de ginásticas aos das outras disciplinas”.(PCN, 1997). Ainda com a nomeação de origem, a Educação Física no inicio do século XX inseriu – se nos currículos dos Estados da Bahia, Ceara, Distrito Federal, Minas Gerais, Pernambuco e São Paulo. Nesta ocasião o movimento escolanovista disseminou na educação brasileira o valor da ginástica no preparo integral do ser humano. Desta corrente de pensamento, F.Azevedo exibiu em 1928 um plano de Educação Física na reorganização do ensino primário do Distrito Federal. Complementado o plano geral da educação, embasando – o teoricamente, sugeria aulas diárias e obrigatórias para todos os alunos. Azevedo defendeu que entre os hábitos higiênicos que a escola compete criar no desenvolvimento do seu programa de educação sanitária, decerto, o mais importante é o habito do exercício, fácil de adquirir, como todos os outros na idade plástica da infância e da adolescência. O objetivo higiênico durou graças às instituições militares, religiosas, educadores da “nova escola” e Estado, que eram concordes desta pressuposição. Mas a inserção das atividades físicas no currículo não assegurou sua implantação de fato nas escolas primarias, apesar da legislação almejar tal acontecimento. Assim, não assegurando à Educação Física um caráter pedagógico no âmbito escolar, por não haver críticas teoricamente consistentes e escassez de recursos humanos qualificados para o trabalho. Mesmo deficiente, esta inclusão serviu de ponto de partida para que os profissionais da educação discutissem na III Conferência de Educação (1929) os métodos, as práticas e os problemas relacionados com o ensino da Educação Física. Nas primeiras décadas do século passado, no meio escolar a prática de exercícios físicos ainda manteve – se estreitamente ligada à instituição militar e aos métodos ginásticos. A militarização da escola, a industrialização e a urbanização do país ocorreram simultaneamente, assistindo a prática de exercícios o papel de preparar a sociedade projetada pela ditadura do Estado Novo. Esclarece neste contexto (PCN, 1997) “A Educação Física ganhou novas atribuições: fortalecer o trabalhador, melhorar sua capacidade produtiva e desenvolver o espírito de cooperação em beneficio da coletividade”. A Educação Física que se ensinava nesse período era baseada nos métodos europeus, suecos, alemães e, posteriormente, o francês que se firmava em princípios biológicos. Fazia parte de um movimento mais amplo, de natureza cultural, político e cientifico, conhecido como Movimento Ginástico Europeu, e foi a primeira sistematização cientifica da Educação Física no Ocidente. O exercício tornou – se principal defensor desta prática, por atribuir – lhe fim patriótico e preparatório para a guerra, sendo que a idéia higienista prevaleceu por melhor adaptar–se a educação escolar. Em 1937, a Educação Física deixou de ser apenas disciplina curricular e tornou-se prática educativa obrigatória em todas as escolas brasileiras como também o ensino cívico e os trabalhos manuais. Até então os profissionais que trabalhavam nas escolas eram instrutores preparados pelas instituições militares. “Apenas em 1939 foi que se criou a primeira escola civil de professores de Educação Física com o Decreto Lei nº 1212, de 17 de abril de 1939” (SOARES et al, 1992). A Educação Física compreendida como uma disciplina do currículo escolar e como uma atividade essencialmente prática, possibilita identificar com certa facilidade o desenvolvimento motor do aluno. Por isso, a necessidade do conhecimento por parte do profissional desta área, quanto ao nível em que se encontram seus alunos, no que se refere às habilidades motoras, para a elaboração dos programas de aulas mais direcionadas às deficiências do discente, se torna cada dia mais indispensável. Nesse sentido DIECKERT (1985) afirma que “A Educação Física adquire um papel importantíssimo na medida em que ela pode estruturar programas de trabalho atendendo às necessidades biológicas, psicológicas, sociais e culturais, criando um ambiente adequado, oferecendo novas oportunidades de experiências através do movimento, tornando-se assim, uma grande auxiliar e promotora no desenvolvimento do aluno”. “Um dos objetivos fundamentais da Educação Física é educar através do corpo. É através do movimento que o aluno vai desenvolver a sua capacidade motora” (NEGRINE, 1996). Ou seja, além da parte recreativa, esta disciplina proporciona a aprendizagem em vários aspectos, contribuindo para conservação da saúde física, mental e o equilíbrio sócio afetivo. Segundo BARRETO (1998), “O desenvolvimento pisicomotor é de suma importância na prevenção de problemas da aprendizagem e reeducação do tônus, da postura, da direcionalidade, da lateralidade e do ritmo”. A Educação Física deve ser trabalhada nos alunos como formação base indispensável em seu movimento motor, afetivo, psicológico dando oportunidade para que através de jogos, de atividades lúdicas e físicas, se conscientizem sobre seu corpo. “Nas escolas, embora já seja reconhecida como uma área essencial, a Educação Física ainda é tratada como “marginal” tendo, por exemplo, seu horário e professores empurrados” ( NETO, 1996). O que acontece em várias escolas é que o professor alfabetizador acaba ministrando estas aulas, mesmo desconhecendo a importância dos seus conteúdos. Devido às várias contribuições trazidas ao desenvolvimento do aluno através desta disciplina é importante que o professor seja um profissional competente que esteja sempre estudando métodos, propostas para enriquecer os conteúdos e que atuem de acordo com a faixa etária que se está trabalhando. Segundo CASTELLANI FILHO (1998) para “... assumir a tarefa educativa, o educador deve ser preparado para atuar como intelectual dirigente, marcado pela consciência política, capaz de pensar criticamente a realidade...”. Sabe-se que o mundo está vivendo tempos de grandes transformações, onde a globalização se mostra como um processo irreversível, trazendo consigo novas exigências sociais e econômicas. Em virtude disto, está implantada uma ideologia discursiva do tema de qualidade total em todos os setores de trabalho e isso inclui também os profissionais da educação. Sendo assim, os professores devem se adaptar a esta realidade para que desta forma, também o ensino possa acompanhar este ritmo de transformação. Com relação ao ensino da Educação Física não é diferente, baseado nesta constatação precisa-se saber até que ponto a prática pedagógica do professor desta área contribui para a melhoria do aluno e conduz-lhe à construção efetiva do conhecimento escolar, levando os docentes a uma auto-reflexão e abolição da prática conservadora, tradicionalista e despreparada. Além disso, CASTELLANI FILHO (1998) defende que “... o aluno não precisa praticar educação física apenas nas aulas porém, precisa aprender por que praticar, como praticar, quando e onde praticar...”. A prática de exercícios exerce uma influência muito forte no desenvolvimento físico e psicológico do discente, e ainda oportuniza alívio para frustrações e agressividade, afasta das drogas e estimula a participação e o desenvolvimento de hábitos de disciplina, espírito de equipe, fraternidade e solidariedade. Neste campo deve-se trabalhar também a aptidão relacionada à saúde, tendo em vista que, enquanto nas habilidades motoras existe um elevado índice de retenção, a aptidão relacionada à saúde, não pode ser acumulada, devendo ter uma constante manutenção; além de que, possibilita experiências educativas aos alunos, mesmo fora da estrutura escolar, para se proteger contra problemas causados por falta de atividades físicas. Este tipo de hábito está cada vez menos freqüente no dia a dia das pessoas, visto que atualmente, de acordo com a tecnologia, fica cada vez mais cômodo a vida das pessoas e o nível de sedentarismo vai aumentando como conseqüente. Reverter pessoas adultas para esta prática fica muito difícil portanto, deve-se trabalhar a importância dos exercícios físicos no período escolar, colocando em aplicação, uma nova metodologia de ensino, com muitas informações teóricas a respeito de seu valor e seus aspectos vinculados à saúde. MEDINA (1987) ainda trata o fato de que “... a Educação Física precisa mudar o rumo ordinário – aliás, bem ordinário – que ela vem seguindo, como também buscar a sedimentação de novos padrões de vida”. Para uma Educação Física realmente preocupada com o ser humano não basta concordar plenamente com a sociedade. É necessário que se faça uma permanente crítica social. O contato do mestre com o discípulo pode ser uma riquíssima troca de energias onde o primeiro tem as suas responsabilidades específicas e por conseguinte, age como incentivador e organizador do processo educacional sistematizado, mas ao mesmo tempo, poderá receber estímulos igualmente educativos. Pode-se então dizer que em uma efetiva interação professor-aluno, ambos se educam. O profissional de educação física que percebe esta relação afetiva transforma a sua ação em um gesto de amor, onde todos se beneficiam. Por isso, analisar como está à situação desta disciplina no ensino fundamental, observando a preparação do professor e a forma de realização destas aulas ajudará a promover um conhecimento melhor, sensibilizando educadores e educandos com relação à prática da Educação Física. Entende-se ser esta disciplina de grande importância para o desenvolvimento físico, motor, social e cognitivo do discente pois, através dela o aluno desenvolve suas aptidões perceptivas como meio de ajuste para seu comportamento. Com este estudo procurou-se compreender as falhas existentes nas práticas docentes da Educação Física e com a conclusão, desejou-se ajudar aos professores locais, provocando uma auto-avaliação sobre sua prática pedagógica, além de uma reflexão sobre a sua concepção em relação a esta disciplina.
2. METODOLOGIA
Este trabalho teve como campo de pesquisa nove escolas, sendo três da rede pública municipal, três da rede pública estadual e três da rede particular, todas do ensino fundamental, além da Secretaria de Educação do Município de Serra Talhada. Nesta pesquisa foram utilizados procedimentos metodológicos como informações bibliográficas, levantamento, seleção e críticas das informações, pesquisas diretas e questionários. No intuito de aprofundar os estudos sobre este assunto foi feito acompanhamento em campo, por um período suficiente para a compreensão da prática pedagógica dos professores de Educação Física.
2.1 – MÉTODO OPERACIONAL
As pesquisas diretas e os questionários foram desenvolvidos com a participação dos professores de Educação Física do município(Modelo do questionário no item 2.1.1), alunos do ensino fundamental de 5ª a 8ª séria das escolas selecionadas (Modelo do questionário no item 2.1.2), sendo que a amostragem foi realizada com dez alunos de cada série e seus responsáveis(Modelo do questionário no item 2.1.3).
2.1.1 – COLETA DE DADOS DO PROFESSOR Para cada professor de Educação Física foi utilizada uma ficha de coleta de dados com o seguinte modelo: FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE SERRA TALHADA FICHA DE COLETA DE DADOS DO PROFESSOR
ESCOLA: ____________________________________________________ ENDEREÇO: _________________________________________________ PROFESSOR: ________________________________________________
1. Para você o que é Educação Física?
2. Você tem formação acadêmica na área de Educação Física? ( ) Sim ( ) Não Em caso de resposta negativa, especifique sua formação acadêmica: _______________
3. Há quanto tempo trabalha nesta área? ( ) Menos de 1 ano ( ) 1 a 4 anos ( ) Mais de 5 anos
4. Quais são os conteúdos da Educação Física?
5. Como você se atualiza nesta área ? ( ) Livros ( ) Revistas especializadas ( ) Palestras/Cursos Outros: ______________________
6. A instituição em que você ensina, investe na sua atualização? ( ) Sim ( ) Não Em caso afirmativo, diga quando foi a sua última atualização: _______________
7. Como analisa sua prática pedagógica? ( ) Ótima ( ) Boa ( ) Regular
8. Você gosta do que faz? ( ) Sim ( ) Não ( ) Indiferente
9. Como você avalia o interesse do aluno pela sua aula? ( ) Bastante ( ) Pouco ( ) Nenhum
10. Como é a freqüência em suas aulas? ( ) Bem freqüentada ( ) Mal freqüentada
11. Utiliza materiais e técnicas variadas? ( ) Sempre ( ) Às vezes ( ) Nunca
12. A(s) escola(s) onde leciona oferece(m) materiais e condições de trabalho? ( ) Sim ( ) Não
13. Na sua opinião, cite as dificuldades que você sente em ensinar Ed. Física. ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________
2.1.2 – COLETA DE DADOS DO ALUNO Cada aluno participou fornecendo informações através da ficha padronizada, a seguir:
FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE SERRA TALHADA FICHA DE COLETA DE DADOS DO ALUNO
ESCOLA: ____________________________________________________ ENDEREÇO: _________________________________________________ ALUNO: ____________________________________________________ SÉRIE: ____________ IDADE: _____________ 1. Você participa das aulas de Educação Física? ( ) Sim ( ) Não
2. O Local de realização das aulas é: ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Ruim
3. O horário de realização das aulas é: ( ) Adequado ( ) Inadequado
4. As aulas realizadas pelo seu professor de Educação Física são: ( ) Ótimas ( ) Boas ( ) Ruins
5. A sua escola dispõe de material didático para a realização das aulas ? ( ) Bastante ( ) Pouco ( ) Nenhum
6. Como você se sente física e mentalmente após a participação das aulas de Educação Física? ( ) Bem ( ) Mal Outros: ________________________________
7. Qual o seu conceito para as aulas de Educação Física? ( ) Ótimas ( ) Boas ( ) Ruins
8. As aulas de Educação Física desenvolvem mais o seu lado: ( ) Físico ( ) Psicomotor ( ) Social
9. As atividades realizadas pelo seu professor de Educação Física são: ( ) Variadas ( ) Iguais ( ) Indiferentes Outros: _____________
10 Seu professor apresenta os objetivos e explica a importância dos conteúdos da disciplina ? ( ) Sim ( ) Não
11 O que você acha desta disciplina ter caráter avaliativo e reprovável? ( ) Correto ( ) Incorreto ( ) Indiferente
2.1.3 – COLETA DE DADOS DO RESPONSÁVEL PELO ALUNO O responsável pelo aluno das séries analisadas participou da pesquisa através de informações dadas pelo seguinte questionário: FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE SERRA TALHADA FICHA DE COLETA DE DADOS DO RESPONSÁVEL PELO ALUNO
ESCOLA: ____________________________________________________ ENDEREÇO: _________________________________________________ ALUNO: _________________________________________________ SÉRIE: ________________ IDADE: __________________ RESPONSÁVEL PELO ALUNO: ________________________________ PROFISSÃO: ______________________________
1. Seu filho fez algum exame médico para saber se estava apto a participar das aulas de Educação Física? ( ) Sim ( ) Não
2. Seu filho é assíduo nas aulas de Educação Física? ( ) Sim ( ) Não
3. Como ele se refere às aulas de Educação Física? ( ) Ótimas ( ) Boas ( ) Ruins
4. Como você avalia o professor desta disciplina? ( ) Capacitado ( ) Incapacitado Outros: ___________________________
5. Na sua opinião, qual a importância das aulas de Educação Física para o desenvolvimento do seu filho? ( ) Necessária ( ) Desnecessária Outros: ____________________
6. Você incentiva o seu filho a participar das aulas de Educação Física? ( ) Sim ( ) Não ( ) Indiferente
7. Você recebe alguma informação sobre o desempenho do seu filho nesta disciplina? ( ) Sempre ( ) Às vezes ( ) Nunca
8. Já percebeu seu filho com dificuldade ou aversão às aulas de Educação Física? ( ) Muitas vezes ( ) Algumas vezes ( ) Nunca
9. Você acha justo esta disciplina ter caráter reprovatório? ( ) Sim ( ) Não Outros: _______________________
10. Você já teve oportunidade de observar uma aula de Educação Física do seu filho? Em caso de resposta afirmativa, diga o que achou? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3. RESULTADOS
Serra Talhada registra em 2003, 19.633 alunos matriculados no ensino fundamental, somando-se a zona urbana e a zona rural, segundo dados fornecidos pela Secretaria de Educação Municipal. O gráfico a seguir demonstra estas informações em percentuais. Dos alunos matriculados, 26% não tem aula de Educação Física pois, pertence à zona rural onde a Secretaria de Educação entende que não há necessidade da prática desta disciplina, justificando que os alunos já fazem grande esforço físico no trabalho agrícola auxiliando aos seus pais. Este é um caso em que a Educação Física é nitidamente desconsiderada como uma assistência direta ao desenvolvimento psicomotor, social e recreativo para o discente. 25% do alunado não participa das aulas por problemas de saúde ou por apresentar declaração de trabalho. O restante dos alunos, ou seja, 49% participa das aulas ativamente porém, sem que haja qualquer tipo de estímulo, apenas para cumprir as exigências curriculares. Observou-se que neste município a situação de descaso dos professores para com as aulas de Educação Física e visível, o que influencia negativamente a prática pedagógica dos mesmos. Isto é devido a política social nacional de desvalorização do magistério, evidenciando-se o acúmulo de jornadas de trabalho em até três turnos – conseqüência direta das condições sociais e remuneração, o que contribui para a queda da qualidade e alienação no processo ensino-aprendizagem na educação em geral e na Educação Física em particular, o problema é ainda maior devido ao baixo investimento em nível individual, institucional e governamental na capacitação e atualização desses profissionais. Em Serra Talhada esses fatores determinam uma prática pedagógica empobrecida, incompetente e desqualificada. Percebeu-se também, que os professores estão muitas vezes com conhecimentos aquém do necessário (devido à falta de incentivo e de capital para se atualizarem) não ensinando nem o básico para os alunos, que se sentem desinteressados. Eles assumem posturas totalmente descomprometidas com os caminhos que deveriam tomar e vivem desempenhando falsos papéis sem se dar conta de suas limitações e deficiências. A predisposição ao conformismo parece ser algo dominador e imutável. Esta pesquisa trouxe à tona praticamente todas as anomalias que constituem a Educação Física neste município e acredita-se que não seja diferente nos demais municípios do Estado de Pernambuco. São encontradas situações cruciais, que exigem decisões e providências rápidas tais como: professores atuantes sem nenhum nível de conhecimento na área, tendo essas aulas como encaixe para complemento da carga horária; escolas que não realizam as aulas por falta de espaço físico; aulas realizadas em horários impróprios; falta de fiscalização ou preocupação por parte das secretarias de Educação Municipal e Estadual. O fato é assustador, pois se verificou que uma aula que deveria ser interessante, expressiva e de ajuda psicomotor é simplesmente marginalizada e tratada com bastante descaso. Durante toda a pesquisa observou-se que não há reflexão nem atitudes concretas para se conhecer a expansão das potencialidades do aluno ou para uma interação entre o grupo. O que se viu foram programas com conteúdos quase sempre desinteressantes, onde o educando é tratado como se não fizesse parte da aula. Além de outros fatores que constituem uma face extremamente negativa, notou-se que o fracasso das aulas de Educação Física está diretamente ligado a prática docente, pela falta de formação do profissional, pois constatou-se que no município apenas 4% dos professores entrevistados tinham habilitação na área de Educação Física, enquanto que 96% não eram habilitados. O gráfico abaixo apresenta a habilitação dos professores. A título de ilustração, relatou-se parte da pesquisa realizada com os professores desta disciplina o que permitiu-se chegar a algumas conclusões que definiram o seu nível de formação. Uma das questões se constituiu em indagar quanto ao sentido, para o professor, da disciplina “Educação Física”. As respostas apresentadas foram simples, vazias, sem qualquer embasamento teórico que teria um profissional com nível acadêmico. A grafia e acentuação originais foram mantidas nas respostas. Pergunta: Para você o que é Educação Física? Respostas: - A aula em que o aluno trabalha o seu emocional, sua disciplina e a parte física. - É uma disciplina importante pois, possibilita aos alunos terem desde cedo a oportunidade de desenvolver habilidades corporais e de participar de atividades culturais como jogos, ginásticas e danças. - É um meio fundamental para auxiliar os nossos alunos em seus trabalhos e compartilharmos com eles os esforços diários, fazendo com que dominem seus conhecimentos para crescerem como cidadãos. - É uma aula em que os alunos se desenvolvem fisicamente para ter uma saúde elevada. - É um método pedagógico aplicados ao desenvolvimento desportivo e culturais; para que o ser humano possa adquirir uma expressão corporal. - É o processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral de alguém. - É a estimulação das capacidades psicomotoras, através da iniciação aos desportos individuais e coletivos, valorizando sua condição de ser social e criativo, vivenciando atividades físicas enquanto meios de prevenção de defeitos posturais e compensação de atitudes viciosas. - É o desenvolvimento físico e mental do homem, valorizando a sua capacidade social. - É um encontro dos alunos com a sua própria habilidade, criatividades e participação em grupos. - É saúde, esporte, vida. - É uma disciplina que ensina o aluno a participar de diferentes atividades corporais conhecendo seus limites e possibilidades, adotando atitudes de respeito mútuo. - É a formação geral das pessoas, são elas: da 1º idade, 2º idade e 3º idade com o objetivo de forma cidadões conscientes de seus direitos e deveres neste mundo em que vivemos. - É a arte de fazer o social ou seja esta é a pratica que todo o ser sociabiliza, ele se interage com todas as outras culturas, raças e pensamentos Como se notou, definir a Educação Física pareceu aos professores uma tarefa complicada, pior ainda quando se tratou dos seus conteúdos. O nível de carência sobre a fundamentação desta atividade profissional atingiu o limite da falta de informação quanto aos propósitos da disciplina em questão. Objetivamente, a pergunta foi: Quais os conteúdos da Educação Física? Respostas: - Organizar automaticamente alguns jogos, brincadeiras ou outras atividade corporais simples. Resolução de problemas corporais e individuais. Apreciação e valorização de danças pertencentes a localidade etc. - Teoria: regras esportivas, higiene, cuidados com o corpo. Prática: jogos, postura, exercícios. - Esportes – Ginásticas – Jogos – Atividades rítmicas e expressivas Lutas – Conhecimento sobre o corpo. - Um bom alongamento, trabalhos com cordas, aros e bolas, etc. - Os conteúdos das aulas restringem-se às modalidades esportivas e ao conhecimento da cultura corporal. - Jogos recreativos, futebol de salão, passeios culturais. - Ginástica escolar, melhoria do fortalecimento da musculatura, desenvolver a força de pernas e braços, educação postural e consciência do corpo. - Exercícios com bola, caminhada, exercícios coletivos e parte teórica do desporto coletivo e individual etc. - Ginástica escola, melhoria do fortalecimento muscular conhece os mecanismos da respiração. - O conteúdo da Ed. Física é o que o professor trabalha todos os dias. - Atletismo, Ginástica, Jogos, Projetos p/ serem desenvolvidos com as turmas de 1ª a 4ª séries e pelos alunos do Normal Médio. - Jogos: queimada, handebol, futsal, voleibol e basquetebol, caminhada, exercícios diversos, danças, pular corda, bambolê, corridas e saltos. - Ginástica dança, jogos, desportos e lutas. - Compreender o funcionamento do organismo humano. Desenvolver a noções conceituais de esforço, intensidade, aplicando-as em práticas corporais. Os autores destas frases são quase sempre , máquinas humanas produtoras de uma estrutura desequilibrada e perversa de ensino que pouco se preocupa com uma verdadeira educação, que crie condições para que o aluno se torne consciente de suas atividades físicas, ao contrário, o que fazem é promover uma instrução que leva suas vítimas, na melhor das hipóteses, a uma produtividade alienante. Essa situação é uma conseqüência, como se pôde perceber, da falta de atualização e investimento tanto por parte dos professores quanto por parte das instituições em que ensinam pois, 90% dos docentes entrevistados lecionam nesta área a mais de um ano e participaram apenas algumas vezes de cursos de capacitação. Também contribui muito para isto, algumas dificuldades enfrentadas pelos professores para o desenvolvimento do seu trabalho, como o local e horário inadequado, falta de material didático, falta de interesse do discente e falta de investimentos dos órgãos públicos. Paralela à falta de preparação profissional do professor e do sentimento alienado dos alunos, surge à falta de senso crítico dos pais ou responsáveis pelos discentes. Quando indagados sobre questões simples porém, de grande peso para a formação dos seus filhos, obteve-se respostas indiferentes e sem qualquer traço de preocupação. Fazer pesquisas amplas e profundas, sobre a realidade escolar do seu filho, deveria ser uma tarefa coletiva em reuniões de pais e mestres, deveria ser um ato de amor e proteção. Entretanto 98% dos pais nunca observou uma aula prática da disciplina de Educação Física. Em sua grande maioria, eles apresentam pouco conhecimento, tornando-se incapazes sequer de tomar a liberdade da palavra para questionar, exigir e buscar melhores condições para seus filhos. Essa realidade da falta de cobrança por parte dos pais também concorre para a falta de compromisso e responsabilidade das instituições educacionais, que colocam à frente desta disciplina, um professor que nada tem a ver com esta área, e nem tão pouco se preocupam em verificar quantos alunos praticam atividades físicas sem qualquer condição e sem ao menos serem submetidos a um simples exame médico que os qualifiquem como aptos para estas aulas. A marca do desinteresse prevalece entre os alunos quase em sua totalidade. Fazendo-se uma análise da pesquisa realizada, nas questões sobre local, horário e material didático utilizado pelo professor, 80% classificou como inadequados, sem esboçar qualquer reação de protesto. Deixaram clara sua postura acrítica quando responderam às perguntas sobre como se sentiam após as aulas e em que aspectos se sentiam desenvolvidos, se físico, psicomotor ou social. A resposta foi quase unânime: 97% optou pelo lado físico, associando as aulas apenas a exercícios para o desenvolvimento do corpo. Com relação às atividades realizadas pelo professor, 83% dos entrevistados respondeu que as técnicas são sempre iguais, e ainda afirmaram que não há nenhum esclarecimento acerca dos objetivos e da importância do conteúdo desta disciplina. Quanto à atribuição de um conceito para as aulas de Educação Física, 85% qualificou-as como boas, mesmo afirmando anteriormente as inadequações referente ao local, horário e material didático, demonstrando deste modo a sua opinião desvinculada com a realidade. 98% também julgou correto a disciplina ter caráter avaliativo e reprovável, isto apenas quando responderam aos questionários, entretanto em uma conversa informal, não sabem sequer como são avaliados. Discordam dos métodos, mas não se sentem encorajados a questionar ou reclamar as atitudes que julgam falhas. Assim faz-se imperioso olhar para a questão da Educação Física com senso crítico, para anunciar seus reais benefícios e denunciar com severidade a falta de comprometimento com a educação global do aluno, provocando uma reflexão orientadora desta prática educativa.
4. CONCLUSÕES
Comprovou-se com esta pesquisa a premente necessidade da reconstrução de uma nova prática educativa, embasada em uma pedagogia progressista, comprometida com a transformação do panorama das aulas de Educação Física. Levantaram-se pontos críticos, decisivos para que se sejam tomadas decisões por parte de todos que estão envolvidos: órgãos educativos, professores, alunos e pais. É necessário que se trabalhe com interdisciplinaridade a fim de romper com o isolamento em relação às demais disciplinas, valorizando o cotidiano do discente. Houve entre os entrevistado aqueles que alimentam a esperança de participar coletivamente e colaborar para uma mudança mais autêntica e significativa para o desenvolvimento do educando de um modo geral. Houve aqueles, entretanto, que lamentavelmente parecem constituir maioria absoluta, que ainda não despertaram para esta necessidade. No ensino fundamental, a Educação Física deve propiciar ao aluno a participação em atividades corporais, incentivar relações equilibradas e construtivas entre colegas, sem qualquer forma de discriminação, valorizar atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade em situações lúdicas e esportivas. Deve também, transmitir informações sobre hábitos saudáveis de vida, despertando o gosto pela atividade física, além de estimular a visão crítica reflexiva e a consciência dos direitos da cidadania. O que deve ficar claro é que uma educação mais genuína e significativa não deve estar condicionada a nada que dificulte a sua realização como um projeto de vida mais humana e digna, que só será possível através de uma verdadeira revolução capaz de mudar consciências e buscar subsídios para a transformação das ações práticas. Percebeu-se que em Serra Talhada a prática da Educação Física ainda é muito rude, contudo, através dos PCNs uma pequena mudança começa a surgir na metodologia, que defende a concepção da cultura corporal e mostra novos objetivos, apontando-a como um meio necessário para elevar a qualidade de vida. Já está mais do que na hora de emergir um significado mais profundo para estas aulas. As pessoas, principalmente os docentes, desconhecem seus objetivos que são neuromotores, social-afetivo e até espiritual. Salienta-se a sua estrema importância no currículo escolar, em todas as faixas etárias desde que seja praticada corretamente. A Educação Física precisa entrar em crise urgentemente. Precisa questionar criticamente seus valores. Precisa ser capaz de justificar-se a si mesma. Precisa procurar sua identidade. É preciso que seus profissionais diferenciem o educativo do alienante, o fundamental do supérfluo em suas tarefas. Porém, sozinho o professor jamais poderá mudar o quadro caótico em que se encontra esta disciplina. É fundamental que o poder público, através do Conselho Regional de Educação Física (CREFI), estabeleça uma política educacional clara, que garanta um atendimento escolar de boa qualidade a toda população e ao mesmo tempo respeitando as diversidades socioculturais. Deve-se investir continuamente na educação, assegurando uma infra-estrutura para o funcionamento das atividades físicas, condições dignas de trabalho e programas de capacitação constantes, de forma a permitir avanços cada vez mais visíveis para a solução dos problemas que insistentemente permeiam esta prática.
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