Por: Alex José Tavares de Brito – Médico Veterinário-BS PRINCIPAIS RAÇAS CAPRINAS.
RAÇA SAANEN Raça de origem Européia. É a raça mais leiteira e prolífera criada no mundo.
Atualmente é a raça mais difundida no Brasil, tanto em criatórios puros registrados, como em criatórios destinados à produção de mestiços leiteiros.
Características Físicas e Externas da Raça
Peso dos machos: 70 a 90kg ou mais.
Peso das fêmeas: 50 a 70kg ou mais.
Pelagem: branca ou creme, com pelos curtos e finos.
Pele: rosada, podendo apresentar manchas escuras.
Cabeça: cônica e alongada.
Úbere: bem desenvolvido, de textura fina e consistência esponjosa.
RAÇA ALPINA Raça de origem européia, dotada de boa produção leiteira e bastante prolífera. Atualmente encontra-se bem difundida no Brasil, existindo criatórios de animais puros com registro, e criatórios de mestiços leiteiros.
Características Físicas e Externas da Raça
Peso dos machos: 60 a 80kg.
Peso das fêmeas: 40 a 60kg.
Pelagem: castanho-parda, apresentando listras pretas da nuca até à garupa, ventre preto ou creme.
Pele: escura, solta e flexível.
Cabeça: média, cônica e alongada.
Úbere: desenvolvido, de textura fina e consistência esponjosa.
RAÇA TOGGENBURG Raça de origem européia, dotada de boa produção leiteira e prolificidade. Atualmente encontra-se difundida no Brasil, existindo criatórios de animais puros registrados e criatórios de mestiços leiteiros.
RAÇA MURCIANA Raça de origem européia e dotada de boa produção leiteira; seu leite é utilizado principalmente para produção de queijo pelo seu excelente rendimento. Atualmente existem núcleos de criação dessa raça na Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
Características Físicas e Externas da Raça
Peso do macho: 50 a 60kg.
Peso da fêmea: 35 a 50kg.
Pelagem: predominantemente preta ou caoba (cor de chocolate).
Pele: escura.
Cabeça: tamanho médio, de forma triangular, arcadas orbitárias salientes.
Úbere: bem desenvolvido e textura macia e fina.
RAÇA ANGLO-NUBIANA A raça Anglo-Nubiana é resultante do cruzamento de cabras Inglesas com a cabra da Núbia. É a raça mais difundida no Nordeste, sendo utilizada para produção de leite e carne. Existem criadores de animais puros registrados e criadores de animais mestiços com dupla aptidão (leite e carne).
APRIMORAMENTO GENÉTICO O aprimoramento genético das raças caprinas se faz levando-se em consideração quatro fatores, a saber:
ü genética;
ü nutrição;
ü sanidade;
ü manejo.
· Genética: o principal fator de evolução de uma espécie é o melhoramento genético. Isto se faz principalmente através da utilização de reprodutores puros de origem, que serão cruzados com as melhores matrizes do rebanho, e assim sucessivamente.
· Nutrição: os bons atributos genéticos de uma raça só se manifestam através de uma boa alimentação dos constituintes do rebanho, pois, sem alimentação, não haverá produção (o leite e a carne entram também pela boca).
· Sanidade: nenhum rebanho pode produzir sem saúde. As boas condições sanitárias são essenciais para obtermos a produção esperada do novo rebanho.
· Manejo: o manejo é a rotina a que um rebanho deve ser submetido no dia-a-dia. Um rebanho leiteiro deve ser manejado ritualmente desde à ordenha à alimentação.
ESCRITURAÇÃO ZOOTÉCNICA E CONTROLE DE PRODUÇÃO O criador deverá ter cadastrado todos os dados dos animais do seu rebanho. Esse cadastro se faz através de fichas individuais, onde constam todos os dados referentes ao animal.
Exemplo
Raça:_________________________________________
Sexo:_________________________________________
Data de nascimento_____________________________
Nome ou nº registro: _____________________________
Número de crias: ________________________________
Produção média de leite p/lactação: _________________
CONTROLE DA PRODUÇÃO Dois tipos de produção devem ter sob controle na criação.
· O controle do número de parições de cada matriz. Uma boa matriz deverá parir pelo menos uma vez ao ano. No Nordeste a média de parição por matriz é de três partos a cada dois anos.
· O controle da produção média de leite das matrizes. Uma boa matriz deverá ter como média mínima de produção leiteira 1,5 litro de leite dia. Matrizes com média abaixo das duas acima mencionadas deverão ser descartadas do rebanho.
ORDENHA HIGIÊNICA E CONSERVAÇÃO DO LEITE Leite: é uma secreção fisiológica obtida da glândula mamária, através da ordenha total e sem interrupção. O leite de cabra deve alcançar um alto padrão de higiene e qualidade, o que significa que não deve conter impurezas, materiais estranhos e contaminação por germes e nem deve estar ácido (azedo). Durante a obtenção da ordenha higiênica do leite devemos observar três fatores básicos:
· o animal: a fêmea deverá estar sadia, o que significa dizer que não deverá estar tomando nenhuma espécie de medicamento. O leite só poderá ser utilizado para consumo humano pelo menos cinco dias após o parto;
· durante a ordenha:
ü lavar e enxugar o úbere;
ü desprezar os primeiros jatos de leite;
ü ordenhar com vasilhames apropriados;
ü colocar o leite em tambor com peneira de malha milimétrica;
· após a ordenha:
ü desinfetar os tetos com glicerina iodada;
ü filtrar o leite com material adequado;
ü resfriar imediatamente o leite a 5ºC para posterior transporte à usina;
ü quando o beneficiamento do leite for na propriedade, pasteurizá-lo imediatamente após a ordenha.
CONSERVAÇÃO DO LEITE A conservação do leite é realizada através de dois métodos:
· refrigeração: tem como principal finalidade a paralisação do crescimento bacteriano. Não se trata de um método de conservação do leite por muito tempo, mas deve ter o tempo necessário para o seu posterior beneficiamento. O resfriamento deverá ser feito o mais rápido possível após a ordenha;
· pasteurização: permite a destruição dos germes patogênicos do leite sem alterar as suas características fisioquímicas e suas vitaminas. Após a pasteurização o leite é imediatamente resfriado a 5ºC ou congelado (só o leite de cabra pode ser congelado).
Métodos de Pasteurização · Pasteurização lenta: o leite é aquecido a 63-65ºC durante 30 minutos. É um método lento, porém não modifica as suas propriedades. Após o aquecimento o leite é imediatamente resfriado a 5ºC.
· Pasteurização rápida: consiste em aquecer o leite a 72-75ºC durante 15 segundos, e imediatamente resfriá-lo a 5ºC. Este processo pode modificar as suas propriedades.
PRÁTICAS DIVERSAS · Vermifugação: deverá ser feita no início do inverno, repetindo-se a dose 21 dias depois da primeira. Outra vermifugação deverá ser feita no final do inverno e início do verão, repetindo-se a dose 21 dias após.
· Marcação: os animais destinados à produção de leite são marcados de três formas:
ü quando o animal é registrado tatua-se o número do registro na sua orelha esquerda;
ü brincos plásticos numerados em uma das orelhas (animal registrado ou não);
ü corrente com número em chapa de alumínio no pescoço (slides e transparência).
· Limpeza dos cascos: o corte e a limpeza do casco deverão ser feitos sempre que necessárias, principalmente em animais estabulados (slides e transparências).
· Tomada de temperatura: é realizada quando o animal apresenta pelos arrepiados, falta de apetite, inflamação do úbere, (peito), infecção pós-parto ou ainda catarro. O aumento da temperatura acima de 37ºC é sinal de infecção.
· Cura do umbigo: deve ser realizada logo que o animal nasce. A cura do umbigo consiste em colocar álcool iodado na proporção de 1:1 no umbigo do recém-nascido, evitando dessa forma infecções. Nos dias seguintes colocar repelente de moscas (produto comercial) mata-bicheira spray.
ALIMENTAÇÃO DOS ANIMAIS Produção de Forragens no Inverno e Verão
FENO
Fenação é o método que consiste na secagem ao sol da forragem verde com o objetivo de conservar o alimento para utilização na época de escassez. O teor de umidade do feno não deve ultrapassar 18%, uma vez que favorece a fermentação e o aquecimento do vegetal quando enfardado e armazenado. O valor nutricional de um feno depende do tipo de forragem utilizada, estágio de maturação do vegetal, maneira que o mesmo foi desidratado e de sua armazenagem.
Vantagens que o feno oferece
· Os animais alimentados com feno de boa qualidade têm desenvolvimento mais rápido.
· É uma fonte de sais minerais e vitaminas A e D.
· Quando bem preparado, constitui uma reserva de volumoso indispensável para a época seca.
· É de fácil preparação e custo baixo.
· Pode ser armazenado a campo, coberto ou não, e em galpões.
Características de um feno de boa qualidade
· O vegetal deverá ser fenado antes da floração.
· As hastes deverão estar tenras e flexíveis.
· As folhas e as hastes deverão ser verdes e de odor agradável.
· Não possuir mistura com ervas do campo e nem substâncias estranhas.
Processo de fenação
Inicialmente as gramíneas ou leguminosas deverão ser cortadas e deixadas a campo, expostas ao sol e ao vento, até a desidratação completa. Devemos realizar várias viragens para que o murchamento da planta seja uniforme. O período de exposição ao sol dura em média 24 horas. Caso haja necessidade de uma melhor secagem, esta deverá ser concluída à sombra e em galpão ventilado. Concluída a secagem, a próxima etapa é o enfardamento e empilhamento em galpão.
Produção de feno em galpões
Durante o inverno quando as condições climáticas não são favoráveis à produção do feno a campo, podemos fenar as forragens em galpões cobertos. Neste sistema a forragem é colocada nos galpões, parcialmente desidratada, para completar o processo de fenação. Para acelerar a desidratação, podemos lançar mão de potentes ventiladores, reduzindo o tempo de secagem. Este artifício encarece o custo da produção da forragem fenada.
Enfardamento
Poderá ser mecânico ou manual. O mecânico na nossa região é pouco utilizado, devido ao alto custo do maquinário. O mais usado é o manual com a utilização de prensa. A amarração deverá ser feita com cordão barbante.
Empilhamento e armazenagem dos fardos
O empilhamento deverá ser feito de maneira que permita a circulação do ar entre as pilhas, pois isto evita o aquecimento e o aparecimento de mofo. O armazenamento deverá ser feito em galpões secos, ventilados e cobertos.
Forragens a serem fenadas
Geralmente todas as leguminosas e gramíneas nativas ou não, podem ser fenadas, principalmente quando ainda tenras isto porque o teor de celulose é maior que o de lignina; conseqüentemente, a forragem terá maior valor nutritivo. Dentre as leguminosas mais usadas para a fenação temos: a alfafa, a cunhã, a soja perene e outras. Quanto às gramíneas, em maior números têm: grama estrela africana, capim pangola, capim buffel, capim gordura, tifton e outras.
SILAGEM Denomina-se silagem o produto obtido através da fermentação anaeróbica de uma planta forrageira, tendo em vista a conservação da mesma para a alimentação do rebanho na época de escassez.
Vantagens da Silagem § Facilita o confinamento de maior número de animais por área utilizada.
§ A forragem ensilada é altamente palatável e de alto valor nutritivo.
§ Constitui-se uma reserva de alimento para o período da seca.
§ A silagem é de fundamental importância, principalmente para os caprinos destinados à produção leiteira.
§ A forragem é conservada por meses ou anos sob boas condições.
§ Requer menor espaço para armazenamento do alimento.
Alimentos a serem ensilados
De maneira geral qualquer forragem poderá ser utilizada no enchimento de um silo, desde que a mesma esteja em estado de maturação adequado.
Milho
Este deverá estar com um teor médio de 38% de matéria seca (milho em ponto de pamonha). A silagem de milho é o melhor alimento para caprinos e ovinos em lactação.
Capins
Estes deverão estar com o teor de matéria seca alto, ou seja, quando atingem uma altura de 1,80 a 2,00m no máximo. Para obter-se melhores resultados com a silagem de capins, aconselha-se a utilização de aditivos.
Cana-de-açúcar
Tem-se obtido resultados satisfatórios com a silagem da cana madura para alimentação de cabras e ovelhas secas. Entretanto se faz necessário uma suplementação protéica na dieta destes animais.
Mandioca
Poderá ser utilizada toda parte aérea da mandioca em estado de maturação elevada. A utilização dessa silagem tem dado bons resultados para cabras em produção.
Sorgo
A melhor época para ser ensilado é quando os grãos estão com a consistência pastosa a quase secos.
Aditivos utilizados na silagem
Melaço
Utilizado para melhorar o processo fermentativo e a palatibilidade. Utiliza-se a diluição de uma parte de melaço para uma parte de água. Os melhores resultados são obtidos quando a massa verde não está com o teor de umidade elevada. A mistura deverá ser colocada uniformemente sobre as camadas de capim picado no silo, até 4% do produto.
Xerém de Milho
Poderá ser utilizado na proporção de 7% do volume do silo. O xerém de milho auxilia no processo fermentativo e aumenta o teor de matéria seca da silagem.
Cana-de-açúcar
Utilizada com a finalidade de aumentar a fermentação, principalmente quando o material a ser ensilado é capim. A cana-de-açúcar poderá ser utilizada na proporção de 30%. Também se tem obtido bons resultados com silagem exclusiva da cana-de-açúcar, em cabras e ovelhas de engorda.
Utilização da silagem
A abertura do silo deverá ser feita pelo menos 30 dias após o seu fechamento, tempo necessário para que haja uma fermentação adequada. Por outro lado o mesmo poderá permanecer fechado durante vários meses, havendo relatos de até 24 meses sem prejuízo das qualidades nutricionais do material ensilado, desde que o mesmo esteja fechado. Quando o silo for aberto, a silagem deverá ser retirada diariamente em toda a superfície exposta ao ar. O consumo diário é da ordem de três a cinco quilos para caprinos e ovinos adultos.
Local para construção do silo
§ O terreno deverá ser seco e isento de erosão.
§ Ter área suficiente para futuras expansões.
§ Ter fácil acesso para veículos e máquinas.
§ Estar o mais próximo possível das instalações do rebanho.
§ A época de abertura do silo deverá estar no sentido contrário aos ventos dominantes.
Cálculo do Volume de um Silo Trincheira Fórmula:
S = B + b . h
2
V = S. C
Onde:
S = Superfície do silo
B = Base maior
b = Base menor
h = Profundidade
V = Volume do silo
C = Comprimento do silo
TIPOS DE SILOS
Silo Trincheira
É o mais utilizado nas propriedades pelo seu baixo custo de construção e pela sua praticidade. O silo trincheira é construído aproveitando-se um desnível do solo, podendo ter suas paredes revestidas de alvenaria ou não. Depois de construído aconselha-se a abertura de canaletas em torno do mesmo para evitar a penetração de água de chuva na massa ensilada. A forragem a ser ensilada deverá ser picada e compactada em todo interior do silo até seu completo enchimento. Em seguida coloca-se lona plástica resistente sobre a massa forrageira e cobre-se a mesma com terra para evitar a entrada de ar. Devemos observar ainda que o declive do piso do silo deverá ser de 2 a 3% para facilitar a drenagem.
Vantagens do silo trincheira § Menor custo de construção.
§ Menor risco de acidente.
§ Fácil carregamento.
§ Fácil descarregamento.
Desvantagens do silo trincheira:
§ Maior área de superfície a ser coberta.
§ Requer compactação de preferência com trator.
Silo Cisterna
Este tipo de silo assemelha-se a uma cisterna redonda e desta forma facilita a autocompactação. O revestimento é feito em alvenaria impermeabilizada. A boca do silo cisterna deve estar a uma altura mínima de 1,20m para evitar acidentes. Sobre a mesma deverá ser construído um telhado para evitar a penetração da chuva, por ocasião do carregamento e descarregamento do mesmo.
Vantagens do silo cisterna
§ Menor perda de material ensilado.
§ A profundidade ajuda a autocompactação da massa ensilada.
§ Fácil carregamento.
Desvantagens do silo cisterna
§ Alto custo de edificação.
§ O descarregamento é trabalhoso, uma vez que requer pelo menos dois homens para realizar essa operação.
§ Requer elevador simples ou roldana mecânica para o seu descarregamento.
Silo Aéreo
Construído em alvenaria ou outro material resistente. Seu formato assemelha-se a um cilindro.
Vantagens do silo aéreo
§ Requer menor área para construção.
§ É de fácil descarregamento.
§ É autocompactável.
§ Menor perda de material.
Desvantagens do silo aéreo
§ Alto custo de edificação.
§ Seu carregamento requer ensiladeira com elevadores de esteira rolante.
Silo de Superfície Dispensa alvenaria, portanto é de custo mínimo. Utiliza-se a superfície do solo onde se coloca a forragem picada sobre uma camada de folhas secas. Compacta-se esta massa com um trator até uma altura máxima de dois metros. Em seguida cobre-se o material com lona plástica resistente, colocando-se sobre a lona uma camada de aproximadamente 35-40cm de terra para evitar o acúmulo de ar e ajudar a compactação.
SELEÇÃO DE MATRIZES Na seleção de matrizes o criador deverá está atento para dois pontos principais.
· Se a raça a ser criada for pura (registrada).
· Se os animais são mestiços com dupla função.
ü No caso de matrizes de raça pura deverá ser observado o padrão da raça das fêmeas e o registro genealógico. Posteriormente o fenótipo e as funções produtiva e reprodutiva individual (características externas). Se as matrizes são mestiças de dupla função, o selecionador deverá observar o fenótipo e as funções produtiva e reprodutiva individual.
Em linhas gerais devemos observar:
ü sanidade: se existem ectoparasitas ou sinais de doenças;
ü fenótipo: são as características externas produtivas da matriz tais como: porte, aprumos, estado de nutrição, função mamária;
ü características reprodutivas: desenvolvimento dos órgãos genitais e glândula mamária;
ü defeitos genéticos: deverão ser refugadas todas as fêmeas com defeito genético, como tetas supranumerárias e tetos bipartidos, ou ainda outros defeitos físicos.
Seleção dos reprodutores: o reprodutor é a alma do rebanho, por isso deverá ser selecionado melhor.
Devemos observar os seguintes aspectos:
ü desenvolvimento no mínimo, satisfatório para a idade;
ü características raciais bem definidas.;
ü bons aprumos, principalmente dos membros posteriores;
ü testículos bem desenvolvidos, sem aderências, inflamação e atrofia;
ü ausência de tetas supranumerárias ou bipartidas. Caso haja, eliminar este macho para a reprodução;
ü Na cavidade bucal, ausência de prognatismo;
ü não deve possuir hérnia umbilical;
ü deve apresentar excelente libido (interesse sexual pelas fêmeas);
ü deverá transmitir aos seus descendentes, ótima conformação e produtividade de acordo com a raça.
MANEJO DAS MATRIZES GESTANTES No terço final da gestação as matrizes requerem uma série de cuidados especiais:
ü manter as matrizes gestantes agrupadas em lotes uniformes, quando for o caso;
ü a alimentação (volumoso e concentrado) deverá ser fornecida em quantidades adequadas, assegurando a matriz uma parição sadia e uma boa lactação;
ü água de boa qualidade e à vontade;
ü sal mineral no cocho à vontade;
ü evitar agitação das matrizes durante o manejo.
O tratador deverá ser instruído adequadamente para observar atentamente os sinais que antecedem o parto, tais como: aumento do volume da glândula mamária (amojo); relaxamento das vértebras coccigeanas; corrimento do tampão mucoso, "limpando o cabrito" (linguagem popular); vulva intumescida; inquietação; contrações abdominais freqüentes; rompimento da bolsa e expulsão do feto. Após o parto observar se a matriz expulsou a placenta até oito horas no máximo.
MANEJO DOS CABRITOS E MARRÃS O berro do cabrito é o sinal de prosperidade na criação. Por isso toda atenção deverá estar voltada para os recém-nascidos até a desmama. Cuidados especiais deverão ser tomados com as crias, tais como:
ü a matriz após a parição normalmente limpa a cria. Caso isto não ocorra o tratador deverá limpá-la com papel higiênico até o cabrito "enxugar". Em seguida desinfetar o cordão umbilical com álcool iodado e colocá-la para mamar o máximo de colostro possível três a quatro vezes ao dia (nas criações isentas de CAE);
ü observar atentamente o cordão umbilical até que seque e cicatrize, em média três a cinco dias. Durante esse período colocar álcool iodado ou repelente "spray" no cordão umbilical do cabrito, evitando dessa forma o aparecimento de miiase "bicheira";
ü os cabritos deverão ficar com as respectivas mães em local limpo, seco e desinfetado (criação semi-intensiva ou extensiva);
ü nas criações intensivas os cabritos deverão ficar em "berçários", fazendo-se o aleitamento artificial com leite pasteurizado;
ü nas criações intensivas marcar os cabritos após a separação da mãe;
ü a partir da primeira semana de vida oferecer feno de boa qualidade aos cabritos. A partir da segunda semana, ofertar também concentrado;
ü vermifugar os cabritos aos 21 dias do nascimento, repetindo-se a dose do vermífugo 30 dias após. A partir daí seguir o esquema de vacinação da fazenda;
ü descornar as crias até o décimo dia de vida (descorna a ferro) ou cirúrgica, mais tarde. A descorna em todos os casos deverá ser feita com a utilização de anestésico local;
ü nas criações intensivas os cabritos a partir da terceira semana de vida, deverão ser separados pelo sexo e pelo porte;
ü nas criações extensivas onde não se explora leite, o desmame geralmente não é feito.
As marrãs são as futuras matrizes do rebanho. Por esta razão devemos observar certos aspectos importantes no manejo das mesmas:
ü selecionar para futuras matrizes, as marrãs mais desenvolvidas do lote;
ü eliminar as marrãs com tetas supranumerárias ou outros defeitos genéticos;
ü separar as marrãs em cercados onde os reprodutores não tenham acesso;
ü fazer suplementação protéica na época de escassez de alimento;
ü mineralização constante;
ü acasalar as marrãs a partir dos dez meses de idade ou quando atingirem 70% do peso de uma matriz adulta, de acordo com a raça.
ALIMENTAÇÃO DAS MATRIZES CONFINADAS
Neste sistema de criação toda a alimentação das matrizes (volumoso e concentrado) é fornecida diretamente no cocho. O concentrado com 18 a 20% de proteína é fornecido três vezes ao dia, na quantidade de 300 gramas por vez. Em seguida capim picado ou feno no cocho, à vontade, durante todo dia, após a ração concentrada. A silagem poderá ser fornecida na proporção de 50% do volumoso.
ALIMENTAÇÃO DE CAPRINOS JOVENS: DO DESMAME AO INÍCIO DA IDADE REPRODUTIVA
Da desmama até o início da vida reprodutiva os animais recebem também toda alimentação (volumoso e concentrado) no cocho. A ração concentrada deverá ter no mínimo 18% de proteína. Ideal é ter de 20 a 22%; é a fase de crescimento dos animais jovens. Na fase inicial dos 15 aos 90 dias, o concentrado poderá ficar à disposição dos animais, assim como o volumoso. Este deverá de preferência ser um feno de gramínea ou leguminosa de boa qualidade. A partir do terceiro mês de vida, o concentrado deverá ser fornecido três vezes ao dia, na quantidade média de 100 e 150g por vez, feno ou outro volumoso no cocho à vontade.
Marrãs gestantes até o início da produção de leite
Consumo de concentrado em torno de 600 a 700g dia, dividido em três vezes, com teor de proteína entre 16 e 18%, feno ou outro volumoso à vontade no cocho. Sal mineral e água à disposição dos animais.
Alimentação dos reprodutores
Toda alimentação é fornecida diretamente no cocho. O concentrado deverá ter entre 16 e 18% de proteína e alta energia, feno ou outro volumoso de qualidade à vontade no cocho. Sal mineral e água à disposição do reprodutor.
Alimentação do rebanho no sistema semiconfinado
Neste sistema geralmente o concentrado é fornecido no cocho e o volumoso, o rebanho consome no campo em piquetes, na época das águas. O rebanho recebe o concentrado duas vezes ao dia, pela manhã e à tarde. Quando necessário o volumoso é colocado à disposição no cocho no final da tarde, quando o rebanho não retorna mais ao campo. Água e sal mineral à vontade nos piquetes e nas instalações.
Alimentação do rebanho no sistema extensivo
Este sistema é empregado nas grandes propriedades, onde a alimentação básica do rebanho é a vegetação nativa durante todo o ano. Salientamos que essa vegetação deverá ser melhorada através do rebaixamento, aumentando dessa forma a oferta de volumoso aos animais. Uma suplementação de volumoso como a palma ou capim elefante, deverá ser fornecida ao rebanho durante a época de escassez alimentar, quando for o caso. Água e sal mineral à vontade nos piquetes e instalações de manejo do rebanho.
INSTALAÇÕES Passamos adiante alguns dados das instalações e exemplos das mesmas em diversos criadores. Os apriscos deverão ser construídos nas proximidades das demais construções da propriedade. O local deverá ser de fácil acesso, protegido dos ventos dominantes e no sentido nascente-poente. O piso superior das instalações deverá ser ripado, o que facilita a limpeza e mantém os animais sempre limpos. O piso inferior dos apriscos deverá ser cimentado, para evitar a proliferação de moscas e facilitar a limpeza e desinfecção do mesmo. Os apriscos destinados ao confinamento de matrizes, reprodutores e recria de cabritos, deverão ser providos de solárium.
Bebedouros - a qualidade da água, tipo de bebedouro e sistema de abastecimento d'água, são fundamentais para os caprinos. Uma cabra consome diariamente entre três e oito litros d'água e este consumo depende do seu porte, estágio de lactação, alimentação e época do ano. Os melhores resultados são obtidos com bebedouros rasos e de nível constante.
Outros dados de importância para o criador
§ Área por cabra adulta confinada 1,5 - 2,0m2
§ Área por cabrito jovem confinado 0,70m2
§ Altura do ripado em relação ao solo 0,80m
§ Área por cabra adulta confinada 1,5 - 2,0m2
§ Área para solárium 2,0m2 p/cabra
§ Área por cabra adulta em instalação semiconfinada 1,5m2
§ Área coberta por reprodutor confinado 2,0m2
Obs. O reprodutor deverá ter área mínima para solárium de 3,0 x 4,0m
§ Madeira e telha a serem utilizadas
A madeira deverá ser resistente, de boa qualidade e durabilidade. O espaço entre as ripas do piso deverá ser de uma polegada, o que facilita a passagem das fezes. Para animais jovens, o espaço deverá ser de um centímetro, aproximadamente. A telha mais aconselhável é a canal (barro) para instalações mais fechadas. Poderá ser utilizada telha de amianto ou alumínio para instalações mais abertas e destinadas às criações em regime semi-extensivo.
§ Comedouros
Os comedouros devem ser colocados na parte externa das instalações e só a cabeça do caprino deverá ter acesso ao mesmo. A área ideal por animal adulto é de 0,50cm linear e de 0,40cm linear para marrãs.
§ Todos os saleiros deverão ter arborização para sombreamento.
§ Nas instalações de semiconfinamento abertas, o cercado de manejo ou curral deverá ter árvores para sombreamento.
PRINCIPAIS DOENÇAS QUE PODEM OCORRER EM CAPRINOS NO NORDESTE ARTRITE ENCEFÁLICA CAPRINA É uma enfermidade viral de evolução ligeiramente crônica, que pode acometer os caprinos de todas as idades.
Vias de transmissão
No rebanho onde existem animais portadores da doença, as vias de contaminação são o colostro, o leite e secreções dos animais doentes. Esta última poderá ocorrer quando o animal enfermo permanecer por tempo prolongado convivendo com os sadios.
Sintomas (Forma Encefálica)
Os animais novos, com um a quatro meses de idade, podem apresentar um quadro de incoordenação motora e paralisia progressiva dos membros traseiros, dianteiros e do pescoço. O apetite se mantém constante durante toda a fase da doença. A morte sobrevém nesses casos duas a três semanas após o aparecimento dos sintomas. Nas marrãs e cabras adultas, a doença se manifesta através da inflamação da articulação carpometacarpiana (joelho). Esta inflamação é de natureza progressiva e degenerativa. A articulação afetada apresenta-se aumentada de volume e à palpação, nota-se o acúmulo de líquido na cápsula sinovial, e/ou espessamento do tecido periarticular. Com a evolução do processo inflamatório, o animal tem dificuldade em se locomover, andando de joelho sobre as articulações. Outras vezes instala-se uma pneumonia crônica. A CAE pode manifestar-se clinicamente nas matrizes em lactação sob a forma de mamite. A glândula mamária apresenta-se endurecida com pouca secreção láctea, seguindo-se a atrofia do órgão. Outro sintoma clínico é o aparecimento de mamite em cabras recém-paridas. A glândula mamária apresenta-se aumentada de volume, endurecida e com pouca secreção láctea. Este estado patológico do úbere é irreversível, o que diferencia da mamite causada por bactéria.
Profilaxia
Para esta doença não existe vacina, até a presente data. Recomenda-se quando possível isolar ou eliminar o animal portador da doença, uma vez que não existe tratamento para o mesmo. Evitar que os cabritos nascidos de matrizes doentes mamem seu colostro e seu leite. O leite deverá ser fervido e dado artificialmente às crias desses animais. Usar seringas e agulhas descartáveis. Fazer exame clínico e teste sorológico no rebanho. O animal para ser considerado isento da doença, não deverá apresentar clinicamente artrite e obter resultado negativo ao sorológico. Nas descornas cirúrgicas usar rigorosamente material descartável individual. Desinfetar rigorosamente o tatuador após cada tatuagem. Desinfecção rigorosa da ordenhadeira mecânica após ordenhar cada matriz.
Diagnóstico da CAE
O diagnóstico clínico não é suficiente para atestar se o animal é portador da CAE ou não. O exame sorológico aliado ao exame clínico é quem pode atestar a positividade ou não do animal para o vírus da CAE.
Tratamento
Não existe tratamento curativo para a CAE em nenhuma de suas formas. O tratamento sintomático para as diversas formas da CAE, apenas diminui os sintomas da doença, uma vez que não existe medicamento eficaz contra a mesma.
Consideração sob o aspecto de saúde pública
A CAE é uma doença específica dos caprinos, portanto o consumo de leite e carne é normal. Os animais portadores da CAE em estado avançado de caquexia (magreza extrema) ou portadores de pneumonia crônico e estado febril devem ser sacrificados, enterrados ou incinerados.
PARASITOSE GASTROINTESTINAL A verminose gastrointestinal ocorre com freqüência nos rebanhos caprinos e ovinos, principalmente na Zona da Mata e estação chuvosa, no Agreste e Sertão. Determinados helmintos provocam hemorragias crônicas no tubo digestivo, determinando um quadro anêmico nos animais parasitados. Das endoparasitoses encontradas nos caprinos e ovinos, destaca-se pelo seu alto poder patogênico, a superfamília trichostrongyloidea, (gênero Haemonchus). O Haemonchus contortus é o parasita que mais espolia os caprinos e ovinos. Ele localiza-se no 4º estômago (abomaso) e no duodeno. Mede de dois a três centímetros de comprimento e tem a espessura da cabeça de um alfinete. Sua coloração é vermelha devido à grande quantidade de sangue ingerida. Um caprino ou um ovino infestado pelo Haemonchus, excreta milhares de ovos por dia e destes eclodirão as larvas que, em condições favoráveis, sobrevivem nos pastos durante meses, infestando outros ruminantes.
Sintomas
Os sintomas gerais de uma doença parasitária nos caprinos e ovinos são: perda de apetite, do peso, diarréia, pelos secos, eriçados e sem brilho. Na parasitose provocada pelo Haemonchus, além do quadro acima, destacam-se a anemia acentuada, a caquexia e morte, principalmente em caprinos e ovinos jovens. Nas infestações prolongadas em animais adultos, a anemia associa-se a uma tumefação edematosa da mandíbula.
Diagnóstico
É feito através dos sintomas e do exame parasitológico de fezes.
Profilaxia
Vermifugar o rebanho como segue:
1ª vermifugação - início do verão;
2ª vermifugação - 30 dias após a primeira;
3ª vermifugação - início do inverno;
4ª vermifugação - 30 dias após.
Os animais recém-adquiridos devem ser vermifugados na quarentena.
Outras medidas de controle de verminose são:
§ evitar superlotação das pastagens;
§ separar os animais por idade;
§ manter as instalações sempre limpas e desinfetadas;
§ manter as matrizes amamentando em local rigorosamente limpo. (As fezes contaminam os tetos da cabra, e os cabritos se infestam de parasitos ao mamarem nos tetos contaminados);
as fezes não devem ser colocadas nas pastagens.
Tratamento
· Anti-helmínticos à base de ivermectin surte excelentes resultados.
· Consideração sob o aspecto de saúde pública.
· Não há quando o estado geral do animal é bom.
LINFADENITE CASEOSA Doença contagiosa de evolução crônica, caracterizada pela formação de abscessos nos gânglios linfáticos externos e internos. A enfermidade acomete o rebanho de caprino e ovino.
Etiologia
O agente etiológico é o Corynebacterium pseudotuberculosis.
Resistência
A bactéria é resistente à dessecação, permanecendo viável por longo tempo no solo, nas fezes e na carcaça contaminada.
Epidemiologia
· Vias de transmissão: os gânglios linfáticos supurados são os principais disseminadores da enfermidade, e em seguida, as fezes de animais portadores, o solo e os equipamentos contaminados.
· Vias de penetração: a mais freqüente é a cutânea (pele com solução de continuidade), as mucosas, o trato digestivo, respiratório e com menos freqüência, a via onfalógena.
Sintomatologia
Clinicamente o animal afetado apresenta um aumento dos gânglios linfáticos regionais, que à palpação tem consistência endurecida, posteriormente tornam-se amolecidos e, quando incisados, liberam um conteúdo pastoso (pus) de aspecto caseoso e coloração verde-amarelada ou branco acinzentado. Os gânglios superficiais mais afetados são pré-escapulares, parotideanos, precururais e mamários. A doença pode afetar os gânglios da cavidade abdominal e torácica. Como conseqüência desse último, o animal poderá apresentar dispnéia, decorrente da compressão da traquéia, provocado pelo enfartamento dos gânglios dessa região. Quando a doença se dissemina no organismo, haverá formação de abscessos nos pulmões, fígado, baço e outros órgãos. Como conseqüência haverá emagrecimento progressivo, anemia, edema no tórax e abdômen e, finalmente caquexia.
Diagnóstico
Clínico: é realizado através da apalpação dos gânglios linfáticos externos.
Laboratorial: isolamento do agente etiológico contido nas secreções dos gânglios linfáticos afetados e testes sorológicos através do método "ELISA" (Moura Costa, 1982 com pessoal).
Tratamento
A aplicação de antibióticos não surte resultados satisfatórios. O melhor tratamento é a extirpação cirúrgica do gânglio afetado, desde que o mesmo seja superficial. No caso da drenagem do abscesso, esta deve ser feita de forma eficiente, retirando-se todo pus contido nos gânglios. Na cavidade deixada após a remoção, fazer várias lavagens com água oxigenada, colocar tintura de iodo e repelente para prevenir miiases (bicheira).
ü o animal deverá permanecer isolado;
ü o material removido da lesão deverá ser cremado e enterrado;
ü se houver no mesmo animal formação de novos abscessos, aconselha-se eliminá-lo do rebanho;
ü cremar e enterrar o gânglio afetado ou material procedente do mesmo;
ü eliminar do rebanho animais com recidiva da doença.
Considerações sob o aspecto da saúde pública
Animais portadores de linfadenite pronunciada ou generalizada, não devem ser enviados para o abate.
Risco de toxinfecção alimentar para o homem
Não há. Depende do grau e extensão das lesões. O julgamento da carcaça ficará a critério do médico veterinário e do regulamento da Inspeção Federal ou Estadual.
PODERMATITE OU PODODERMITE É uma enfermidade de natureza contagiosa que afeta os cascos dos caprinos e ovinos.
Etiologia
A infecção é causada principalmente pelo Spherophorus necrophorus e Fusiformis nodosa, podendo atuar ainda no processo infeccioso o Staphylococcus e o Streptococcus sp.
Fatores predisponentes
Umidade excessiva do solo e acúmulo de fezes nas instalações e nos cascos favorecem o desenvolvimento do agente etiológico na região.
Sintomatologia
O primeiro sinal é a claudicação acompanhada da inflamação local. O casco apresenta-se edemasiado, quente e dolorido. O processo inflamatório estende-se até o espaço interdigital, posteriormente haverá necrose progressiva com desprendimento do tecido mole do casco e formação de pus de odor pútrido. Haverá desenvolvimento de tecido granuloso na região afetada. Quando o tratamento não é prontamente efetuado, o estado geral do animal estará comprometido com aparecimento de febre, falta de apetite e emagrecimento progressivo.
Profilaxia
A melhor maneira de prevenir o aparecimento da enfermidade é não deixar os animais em locais de solo úmido e em instalações com acúmulo de fezes, principalmente no inverno. As instalações deverão ter piso ripado para todos os sistemas de criação. O casqueamento periódico do rebanho é recomendável, uma vez que evita o acúmulo de lama e fezes nos cascos que predispõem o aparecimento do processo infeccioso. Recomenda-se o uso do pedilúvio com solução de sulfato de cobre, formol ou tintura de iodo a 3%.
Tratamento
Consiste na limpeza do local afetado com água oxigenada ou solução fisiológica. Em seguida todo o tecido necrosado deverá ser removido. A medicação a ser administrada será no local da lesão. Esta consiste em antibiótico à base de penicilina em pó e sulfa, na proporção de 1:1; isola-se o local com atadura de gaze; repete-se o tratamento até a cicatrização total. A aplicação de antibiótico parenteral associado a anti -inflamatório será feita conforme o caso. O isolamento do animal em local limpo e seco se faz necessário para não disseminar a enfermidade no rebanho.
Considerações sob o aspecto de saúde pública
Animais portadores de pododermatite não deverão ser enviados para o abate, por apresentarem infecções e possível estado febril.
Risco de toxinfecção alimentar para o homem
Existe o risco de toxinfecção alimentar.
MASTITE É a inflamação de parte ou de toda a glândula mamária, que ocorre geralmente após o parto. Esse processo provoca grandes alterações no tecido glandular da mama afetada, podendo provocar transtornos gerais na matriz. A enfermidade pode apresentar-se na forma subclínica (sem sintomas aparentes) ou na forma clínica (com sintomas característicos).
Etiologia
Temos que considerar duas causas:
ü as causas predisponentes;
ü as causas determinantes.
· Causas predisponentes - estas criam condições favoráveis ao desenvolvimento da enfermidade. São elas:
§ retenção do leite na mama;
§ higiene dos utensílios e instalações;
§ período de lactação;
§ idade da matriz;
§ traumatismo;
§ conformação do útero e das tetas;
§ doenças que provocam lesões da pele.
As causas acima criam condições favoráveis para o desenvolvimento dos germes que determinam o surgimento das mastites.
· Causas determinantes - são os microorganismos responsáveis pelas mastites, dentre os quais podemos citar: Staphylococcus, Streptococcus, Corynebacterium sp, Klebsiella ssp, Escherichia coli, Mycoplasma mycoides e outros.
Sintomatologia clínica
A mastite apresenta-se na forma subclínica e clínica.
A mastite subclínica é a que oferece maior risco para o rebanho, isto porque geralmente passa desapercebida, e, portanto, dissemina-se facilmente entre as matrizes em lactação, principalmente quando não há higiene durante a ordenha. A maneira mais segura de se detectar a mastite subclínica é através das provas laboratoriais. A mastite subclínica poderá dar origem à mastite clínica, que por sua vez, poderá ser aguda ou crônica. A mastite clínica manifesta-se através dos sinais de inflamação da glândula mamária, que poderá apresentar-se na forma aguda ou crônica.
Forma aguda
Manifesta-se geralmente após o parto. O úbere apresenta-se inflamado, com temperatura local elevada, dor à apalpação e endurecimento da parte afetada. A secreção láctea passa a ser aquosa ou com grumos de pus e por vezes, com raios de sangue. A matriz poderá apresentar transtornos de caráter geral como febre, falta de apetite e prostração.
Forma crônica
É uma inflamação de caráter prolongado, intercalado com períodos inflamatórios acentuados, não comprometendo o estado geral da matriz. O leite nem sempre apresenta alterações como presença de grumos, alteração da cor e estado aquoso. A secreção láctea geralmente está reduzida. À apalpação, o tecido glandular está alterado, com presença de tecido de consistência firme. Haverá deformação do lado afetado. A contagem celular está aumentada.
MASTITE GANGRENOSA É uma enfermidade de natureza infecciosa, porém não contagiosa. É a forma mais grave de mastite. Os microorganismos (Staphylococus, Clostridium, Perfrigens, Histoliticus e outros), instalam-se no tecido glandular afetado. O úbere mostra-se congestionado, posteriormente torna-se cianótico e frio ao tato. Com a evolução do processo, haverá necrose e desprendimento do lado da mama afetada. A doença provoca debilidade geral, falta de apetite e se a matriz não for tratada, fatalmente morrerá.
Profilaxia
Mais eficaz do que o tratamento é a prevenção da mastite no rebanho. Além de observar e evitar as causas predisponentes devemos dar especial atenção a:
§ controle periódico da glândula mamária;
§ matrizes que estejam "secando" devem ser submetidas a exames e tratamento preventivo quando for o caso;
§ matrizes portadoras de mastite devem ser afastadas da linha de produção e isoladas das demais para tratamento apropriado;
§ combate sistemático às moscas, pois elas desempenham papel mecânico na disseminação da doença;
§ ordenhar primeiro as fêmeas sadias e após à ordenha imergir a tela em solução de glicerina e iodo;
§ adquirir animais isentos da doença.
Tratamento
A eliminação de um foco de mastite será realizada dentro da execução de um programa de saneamento do rebanho.
§ detectar as matrizes com mastite;
§ mastite subclínica: deverá ser realizada cultura com antibiograma do material coletado;
§ o tratamento mais eficiente é aquele realizado quando as matrizes estão secando ou secas (final da lactação);
§ o antibiótico ou quimioterapia deverá ser eleito de acordo com o resultado da cultura e antibiograma;
§ nos casos de mastite aguda deverá ser aplicado antibiótico de amplo espectro em infusão intramamária, duas vezes ao dia durante quatro dias. A aplicação de corticóide parenteral deverá ser realizada até o desaparecimento do edema no úbere;
§ os animais com recidiva de processo deverão ser isolados ou eliminados do rebanho conforme o caso.
Considerações sobre o aspecto de saúde pública
Os animais portadores de mamite aguda ou difusa não devem ser enviados para o abate. Devem ser isolados e tratados.
COCCIDIOSE OU EIMERIOSE DE CAPRINOS/OVINOS É uma enterite contagiosa produzida por parasitos do gênero Eimeria que afeta todos os animais domésticos. Os oocistos que contêm as formas infectantes são eliminados através das fezes dos animais portadores em meio favorável, e sobrevivem infectando os outros animais através da água e alimentos contaminados. Quando as condições sanitárias não são satisfatórias, os animais se reinfectarão com seus próprios dejetos, mantendo constante o ciclo da doença no rebanho. A Eimeriose é uma parasitose de ocorrência cosmopolita e sua maior incidência ocorre no inverno. Afeta com maior freqüência os animais jovens, principalmente sob regime intensivo, e quando a concentração dos animais nas instalações é alta e estas são mal higienizadas. Os animais novos infectam-se no primeiro mês de vida através das fezes acumuladas nas instalações, nos tetos sujos de fezes e ainda lambendo o pelo contaminado com dejetos.
Sintomas da doença
O primeiro sintoma da Eimeriose é o aparecimento da diarréia com fezes líquidas ou pastosas, de coloração escura, devido à presença de sangue. O odor geralmente é fétido, a região perianal e a cauda apresentam-se sujas devido à diarréia. Os animais afetados apresentam ainda inapetência, pelos eriçados, falta de apetite, anemia e morte em duas e três semanas, nos casos graves quando não tratados.
Diagnóstico
Clínico: baseado nos sintomas acima descritos.
Laboratorial: fundamenta-se na coleta de material (fezes) para exame parasitológico, de grande valia para auxiliar na profilaxia e tratamento.
Profilaxia
O controle da Eimeriose é de grande importância em animais jovens, em virtude dos prejuízos econômicos oriundos dessa parasitose. Como medidas preventivas devemos observar:
· animais novos: suas instalações deverão ser o mais limpas possível, secas e separadas dos adultos;
· evitar que mamem em tetos contaminados por fezes;
· água: esta deverá ser de boa aparência e de preferência tratada;
· quando a água for proveniente de açude ou barreiro, verificar se não há contaminação com fezes;
· pastagem: evitar pastos úmidos e terrenos alagados;
· comedouro: rigorosamente limpo, evitar que os animais contaminem-se com fezes;
· instalações: estas deverão ser construídas em terreno o mais seco possível e com boa drenagem;
· evitar acúmulos de fezes e forragens velhas.
Tratamento
Recomenda-se o tratamento à base de sulfas, aporte de líquido parenteral para os casos graves e tratamento sintomático para melhorar o estado geral do animal.
Considerações sobre o aspecto de saúde pública
Animais portadores sintomáticos de Eimeriose devem ser isolados e tratados antes de serem enviados para o abate.
Risco de toxinfecção alimentar para o homem
Não há.
RAIVA É uma doença infecto-contagiosa aguda, sempre fatal, geralmente transmitida por mordedura de morcego hematófago (no meio rural). Animais em putrefação podem conservar o material virulento durante semanas. Todas as espécies de mamíferos são susceptíveis ao vírus da raiva.
Epidemiologia
Os animais que geralmente funcionam como hospedeiros do vírus da raiva, são os morcegos hematófagos, carnívoros selvagens e o cão. O morcego hematófago é o principal disseminador da raiva entre os caprinos e ovinos. Nesses animais predomina a forma paralítica da doença.
Sintomas
Após ter sido contaminado pelo vírus da raiva, o quadro clínico da doença aparecerá geralmente entre a segunda e oitava semana, uma vez que o período de incubação varia de acordo com a quantidade de vírus inoculado e o local da mordedura. Inicialmente o animal doente apresenta modificação do comportamento, pupila dilatada, aumento do instinto sexual, bezerros roucos, insalivação, dificuldade de deglutição, andar cambaleante e paralisia progressiva a partir do trem posterior. O animal não consegue se levantar, apresentando movimento de pedalagem. A morte sobrevém entre um e sete dias, podendo excepcionalmente ultrapassar esse período.
Diagnóstico
É feito através do quadro clínico, porém o diagnóstico laboratorial é indispensável para que se tome a providência necessária. Após a morte do animal, transportar a cabeça do mesmo em gelo para o laboratório credenciado pelo Ministério da Agricultura.
Tratamento
Uma vez instalada a doença no animal não há tratamento.
Profilaxia
A melhor profilaxia é a vacinação anual do rebanho, principalmente em regiões onde habitam morcegos hematófagos, através do uso de produtos anticoagulantes, e por último, vacinação anual da população canina.
Considerações sobre o aspecto de saúde pública
Por tratar-se de uma zoonose, animais acometidos pela raiva (após diagnóstico do médico veterinário), deverão ser sacrificados e sua carcaça cremada ou incinerada.
Risco de toxinfecção alimentar para o homem
Há risco de toxinfecção alimentar e contaminação para o homem.
FEBRE AFTOSA Doença infecto-contagiosa provocada por vírus que pode acometer caprinos e ovinos.
Sintomas
Inicialmente falta de apetite, pelos arrepiados, febre; posteriormente aparecem vesículas (aftas) na boca, tetas e espaço interdigital (entre os cascos). As fêmeas gestantes abortam e a produção de leite e carne caem.
Vias de transmissão
A transmissão da doença realiza-se através da saliva, líquido das aftas, fezes e urina dos animais doentes. O vírus permanece presente nas secreções dos animais doentes até 12 meses, aproximadamente, após a cura. Estes disseminam a doença em outros rebanhos, contaminando o pasto, a água e as instalações.
Profilaxia
A mais eficiente é a vacinação sistemática do rebanho e como medida preventiva só adquirir animais de rebanhos vacinados e sadios. Durante a vacinação devemos observar:
§ se a vacina está dentro do prazo de validade;
§ manter a vacina a uma temperatura de 2 a 6oC;
§ transportar a vacina em caixa de isopor;
§ durante a vacinação manter o frasco dentro da caixa de isopor com gelo.
Tratamento
Aplicar antibiótico parenteral para prevenir infecção secundária das lesões; medicação de suporte como soro (estimulante). Isolar o animal doente.
Considerações sobre o aspecto de saúde pública
Por tratar-se de uma zoonose os animais afetados pela febre aftosa, deverão ser isolados e tratados adequadamente.
Obs. Sob o ponto de vista epidemiológico, os animais afetados devem ser sacrificados e sua carcaça cremada e enterrada.
Risco de toxinfecção alimentar para o homem
Existe o risco de toxinfecção alimentar, assim como do homem contrair a doença manipulando a carne do animal enfermo.
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