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PRODUÇÃO, CONSERVAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE ALIMENTOS PARA CAPRINOS E OVINOS

Por: Valderedes Martins da Silva - Zootecnista- MSc; Vanda Lúcia Arcanjo Pereira - Zootecnista-MSc; Geraldo Severino de Lima - Engenheiro Agrônomo - MSc
PEQ 2000
PRODUÇÃO, CONSERVAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE ALIMENTOS PARA CAPRINOS E OVINOS


INTRODUÇÃO

O alimento principal dos ruminantes (bovinos, caprinos, ovinos e outros), é a forragem que proporciona aos mesmos mais de 90% da energia consumida, contribuindo, assim, relevantemente com os fornecimentos alimentícios mundiais, em termos de carnes e produtos lácteos, a preços aceitáveis. A forragem definida em forma ampla inclui todos os materiais vegetais comestíveis, com exceção de grãos e concentrados. Constitui-se na base alimentar dos rebanhos em toda parte do mundo, principalmente nos países com amplos recursos naturais.



1. ALIMENTAÇÃO DE RUMINANTES

Ruminantes são animais que possuem o estômago dividido em compartimentos, ou seja: pança ou rúmen, pré-estômago (retículo e omaso) e estômago verdadeiro (abomaso). Também apresentam a característica de voltar o alimento à boca depois de ingerido para realizar a mastigação, processo chamado de ruminação. Entretanto a característica mais marcante desses animais é a utilização de forragens muitas vezes grosseiras e sua transformação em produtos nobres (carne e leite). Isto ocorre graças à presença de microorganismos no rúmen do animal, que ali convivem em simbiose. O produtor deve lançar mão desse presente da natureza, produzindo e fornecendo forragem aos ruminantes, por tratar-se de um alimento importante, obtido a custo muito baixo.



2. PRODUÇÃO DE FORRAGEM E SUA UTILIZAÇÃO

A produção de forragem e sua posterior utilização pode ser feita tanto pelo aproveitamento dos recursos da natureza com seus amplos domínios, como pelas áreas restritas trabalhadas pelo homem, ou também pelo uso racional e estratégico de ambos.



2.1. A vegetação nativa e seu uso racional

A vegetação nativa das Regiões do Agreste e Sertão de Pernambuco é, predominantemente, de caatinga em suas várias fases (capoeira fina, capoeira grossa, caatinga aberta, caatinga fechada etc). O seu aproveitamento está relacionado com essas fases, como também com as condições locais (tipos de solo, se planos ou montanhosos, distâncias de áreas urbanas, de pólos comerciais, dentre outras). É necessário se pensar no uso racional da vegetação nativa, ou seja, na exploração de estacas, mourões, madeira de lei, essências medicinais, alimentícias, produção de mel de abelha, atividade pastoril o que pode ser feito ao mesmo tempo (uso múltiplo), porém em base conservacionista (equilíbrio ambiental). A vegetação nativa ocupa ou corresponde a toda uma região. Assim devemos utilizá-la pensando em sua sustentabilidade para não haver os chamados “desastres ecológicos”, pois uma ação danosa de um indivíduo prejudica a todos. Exemplo: um desmatamento (derrubada da vegetação) geral e descontrolado, acarreta entre outros males, uma erosão intensa (deslocamento de terra pela chuva), com sua deposição nos açudes e rios, provocando no futuro, falta d’água para os rebanhos e a população.



3.1.1. Atividade pastoril ou criatória

Essa atividade como mencionada anteriormente, deve ocorrer simultaneamente com as outras, mas para facilitar o aprendizado, será abordada em separado. A caatinga, na atividade pastoril mais apropriadamente chamada de pasto nativo, é bastante variável no porte (altura das plantas) apresentando plantas rasteiras (herbáceas), de porte médio (arbustivas) e alto (arbóreas). Possui, também, composição botânica diversificada (presença de grande número de plantas diferentes), sendo grande parte forrageira (que está na dieta dos animais). O maior desenvolvimento dos arbustos e árvores (plantas lenhosas) provoca uma baixa produção de ervas (capins e outras plantas rasteiras), em função da cobertura da copa, principalmente, e da densidade das plantas (número de plantas por área).

Até determinado limite (30 a 40% de cobertura) existe uma relação das ervas (principal alimento de bovinos, ovinos e eqüinos), com a cobertura das plantas lenhosas, ou seja, não adianta reduzir a cobertura pelas árvores e arbustos, com o desmatamento além desse limite, pois não haverá mais aumento da produção de forragem herbácea. Também, as plantas lenhosas fornecem “ramas” (principal alimento dos caprinos) no início da estação chuvosa, e, por ocasião da época da seca, quando suas folhas caem e passam a exercer de novo o seu papel forrageiro (presença na dieta dos animais). O regime de chuvas (quantidade e distribuição) no Agreste e Sertão afeta a produção de forragem herbácea e “ramas” no decorrer do ano, havendo abundância (grande quantidade) nas águas, e escassez ou mesmo falta, na seca. Tem-se um espaço de tempo curto (três a quatro meses) para a produção forrageira e outro bastante longo (oito a nove meses), sem produção, causando baixo desempenho nos criatórios (poucas crias, baixa produção de leite e carne, crescimento retardado dos animais e até a morte). No entanto pela alta produção forrageira na época das águas, muito superior à necessidade animal, o excesso de forragem pode ser conservado sob a forma de feno (forragem seca) para a utilização na época crítica do ano. Muitas plantas conhecidas pelo homem do campo, existentes em determinados locais, têm elevado valor forrageiro (comida em quantidade e qualidade) e se prestam para a fenação. É o caso das plantas herbáceas (ervas) gitirana, orelha de onça, feijãozinho, erva de ovelha, capim mimoso, capim rosado e das plantas lenhosas (arbustos e árvores) mata pasto liso, mata pasto peludo, mororó ou pata de vaca, camaratuba, feijão bravo, moleque duro, quebra-faca, catingueira, maniçoba, sabiá e outras mais.



3.1.2. Fenação de espécies lenhosas

A fenação das espécies lenhosas é um pouco diferente da fenação de capins e outras ervas. O material distribuído dentro da vegetação nativa poderá ser colhido conjuntamente, ou seja, catingueira com feijão bravo, com maniçoba ou isoladamente, quando ocorrer em grandes áreas contínuas. No início ou no primeiro corte, essas plantas têm elevada altura e faz-se o corte a 30cm do solo. Depois, corta-se o talo fino (grossura de um dedo) com folhas, e elimina-se os galhos grossos. O material selecionado (talos finos e folhas), poderá ser triturado em máquina forrageira e depois depositado sobre lona exposta ao sol para eliminação da umidade, até atingir o ponto de feno, quando será guardado em sacos ou a granel em armazém ou galpão. O processo de fenação poderá melhorar o consumo de muitas plantas, como nos casos do mata pasto liso e do capim amargoso (fenado naturalmente), e também, eliminar princípios tóxicos, no caso da maniçoba.



3.1.3. Introdução de gramíneas

Uma outra ação que poderá ser aplicada com a anterior trata-se da introdução ou plantio de gramíneas (capins) perenes, já estudadas para a região, como são os casos dos capins buffel e corrente, largamente cultivados no Sertão e em grande parte do Agreste. Essas gramíneas poderão formar pastagens cultivadas em 30% da área da propriedade, ficando os 70% restantes com caatinga. Durante a época das chuvas (três a quatro meses), os animais serão mantidos na vegetação nativa e transferidos para as pastagens cultivadas pelo restante do ano, até o início da próxima estação chuvosa.



3.1.4. Outros recursos forrageiros

O pecuarista poderá dispor também de outros recursos forrageiros para alimentar os rebanhos durante a época seca. Um seria a utilização das cactáceas nativas (mandacaru, xiquexique, coroa de frade...) e outro, o plantio de palma forrageira, de cunhã e de leucena. Todos visando à manutenção do bom desempenho animal (produção de carne e leite, crias etc.) durante o ano inteiro, pois a vegetação nativa não tem condições de alimentar os animais durante todo o ano. Para se manter um bovino somente em caatinga, é necessário uma área de 10 a 15 hectares e até mais em determinados locais, esperando-se produção de 8 a 12 kg de peso vivo por hectare, em anos normais. Esse mesmo animal poderá ser mantido na caatinga durante a época das águas (três a quatro meses), em área menor (cinco a seis hectares) e produzir 15 a 20kg de peso vivo, sendo transferido para a pastagem de capim buffel ou de corrente, na relação de 1 a 1,5 hectare por bovino adulto, e conseguir produção adicional de 80 a 120kg de peso vivo por hectare.

Nota: as espécies aqui citadas correspondem aos animais domésticos, bovinos (bois e vacas), caprinos (bodes e cabras), ovinos (ovelhas e carneiros) e eqüídeos (cavalos, jumentos e muares). Sabemos que no interior do Estado as pessoas denominam, especificamente, de animais aos eqüídeos, de criação aos caprinos e ovinos, e de gado, aos bovinos.

2.2. Formação e manejo de pastagens cultivadas

A vegetação de caatinga predominante em quase todo o semi-árido do Nordeste, apesar de sua grande diversidade botânica, possui pouca gramínea sendo todas de ciclo anuais e muitas vezes eventuais, não surgindo todos os anos. Assim, visando-se a superar essa deficiência da caatinga e, ao mesmo tempo, incrementar a produção e produtividade animal pelo aumento da oferta de forragem, introduziu-se na região o capim buffel (Cenchrus ciliaris) com suas principais variedades Gayndah, Americano e Biloela, e o capim corrente (Urochloa mosambicensis).



3.2.1. Preparo do terreno

Como a formação de pastagens exige áreas consideráveis, normalmente as mesmas estão recobertas por vegetação arbustivo-arbórea que precisa ser retirada. Esse processo denomina-se desmatamento, que pode ser manual com queima ou broca e mecânico, com trator de esteira. Apesar da queima ser muitas vezes condenada, esse pode ser o único e mais econômico método de limpeza do terreno em determinadas áreas, onde ocorrem muita pedregosidade e afloramento de rochas. Sem aprofundar muito no assunto, a queima só elimina as sementes das espécies nativas depositadas em cima do solo, ressurgindo com as chuvas uma variedade de espécies que se multiplicam por sementes e por resquícios vegetativos existentes no perfil do solo, espécies essas de grande importância forrageira na alimentação de caprinos, bovinos e ovinos (mororó, moleque duro, feijão bravo e outras). Não possuindo o solo as condições acima descritas e tendo uma boa profundidade, pode-se fazer uso do desmatamento mecânico.



3.2.2. Plantio

O plantio deve ser direto e efetuado logo após o desmatamento e a queima, em covas rasas, num espaçamento de 1,0m x 0,5m, usando-se em torno de 10kg de semente/ha. É muito comum o produtor querer economizar na quantidade de semente, esquecendo que esse é o item mais barato e que o seu objetivo é formar uma boa pastagem. Não se deve usar áreas no segundo ano para o plantio após o desmatamento, pois a competição com as espécies nativas é grande e desfavorável às introduzidas, pela grande quantidade de sementes das nativas produzidas na época chuvosa anterior. Pelo mesmo motivo não é aconselhável usar-se áreas encapoeiradas para formação de pastagens, pois a queima não é suficiente para diminuir a grande quantidade de sementes das espécies nativas. Em alguns casos, como em áreas mecanizáveis, a gradagem supera essa dificuldade.



3.2.3. Uso e sistema de pastejo

A pastagem formada poderá ser usada sob pastejo já no início da época seca no 1º ano do estabelecimento. Tratando-se de sistema de pastejo, o adequado para a região é o diferido ou protelado, ou seja, os pastos ficam reservados na época chuvosa, sem animais, para uso pastoril, principalmente, na época seca do ano. Esses pastos reservados recuperam-se rapidamente (dois a três meses) e mantêm-se bem conservados por longos anos. Enquanto isso, os animais ficam na pastagem nativa (caatinga), constituindo-se num sistema estratégico ou CPC (caatinga + pastagem cultivada).



2.3. Conservação de forragem

A escassez de forragem nos períodos de estiagem, aliada ao baixo valor nutritivo das forrageiras, tem provocado entre outros fatores, baixos índices de produtividade na pecuária nacional. Em vários países, estes problemas têm sido minimizados, usando-se técnicas de conservação de forragem, como ensilagem e a fenação, que são realizadas a partir do excedente de forragem do período chuvoso. Algumas plantas forrageiras como o sorgo, milho e capim elefante entre outras, vêm sendo largamente utilizadas na produção de silagem. O milho e o sorgo têm sido apresentados como as espécies mais adaptadas ao processo de ensilagem pelas facilidades de cultivo, alto rendimento e pela qualidade da silagem produzida. As gramíneas buffel e capim corrente, bem como as leguminosas leucena, orelha de onça e a maniçoba, euforbiácea encontrada em grande quantidade na caatinga, são utilizadas na confecção de feno para alimentação animal. Assim sendo, para se atender às necessidades básicas de alimentação dos animais nos períodos de estiagem, é necessário o uso de tecnologia para produção e armazenamento de forragem, através da ensilagem e fenação.

3.3.1. Produção de silagem

A ensilagem é o processo de armazenamento da forragem verde em silos, para ser utilizada no período seco, quando ocorre escassez de forragens naturais. A silagem é o resultado do processo de ensilagem após as mudanças sofridas pela forragem através da fermentação, na ausência de oxigênio.



· Forrageiras indicadas

As forrageiras mais indicadas para ensilagem são milho, sorgo, capim elefante, entre outras. O milho e o sorgo são de uma maneira geral as gramíneas mais indicadas para ensilagem, por apresentarem quantidades satisfatórias de açúcares e uma produção alta de massa verde por hectare



· Cultivo de algumas forrageiras

O plantio do milho e do sorgo para silagem deve ser feito inicialmente com o preparo do solo através de roçadeira, e em seguida, gradagem. Após estas operações é feitos o plantio em covas ou sulcos com tração animal, trator ou utilizando-se os meios que o agricultor dispuzer. O plantio manual do sorgo é feito em covas rasas distantes 20cm uma da outra na linha ou fileira. A distância entre fileiras é de 80cm, colocando-se três a quatro sementes em cada cova. O plantio em sulcos é feito usando-se uma plantadeira de duas ou mais linhas, acopladas ao trator, devidamente regulada para deixar cair 20 sementes por metro no sulco; o espaçamento entre linhas deve ser de 80cm. A quantidade necessária para plantar um hectare é de oito a dez quilos de sementes de sorgo e 25 quilos de sementes de milho. No controle de plantas invasoras usa-se o GESAPRIN 500 na quantidade de quatro a cinco litros/ha, aplicados logo após o plantio. O preparo da solução deve ser da seguinte forma: coloca-se 200ml de herbicida no pulverizador e completa-se com 20 litros de água. Para pulverizar um hectare, deverão ser utilizados 20 pulverizadores, ou seja, 20 aplicações de 20 litros da solução. A adubação química do sorgo é feita a partir dos resultados de análise do solo, podendo também ser feita a adubação orgânica através da aplicação de 10 a 15 toneladas de esterco de curral, por hectare, incorporadas à área do cultivo antes do plantio. A época do plantio do sorgo deve ser no início da estação chuvosa. Após o plantio, deve-se efetuar o controle da formiga de roça, através de iscas ou aplicando-se formicida diretamente no formigueiro.



· Colheita e processo de ensilagem

A colheita do sorgo para ensilagem deve ocorrer quando a planta apresentar os grãos em estágio farináceo, ou seja, de 110 a 120 dias, podendo ser feito mecanicamente com uma ensiladeira acoplada ao trator ou manual, onde se corta a planta e se passa na máquina forrageira, que deve estar na borda do silo. As variedades de sorgo forrageiro recomendadas para ensilar são: IPA-467-4-2 e IPA-SF-25, enquanto para o milho recomenda-se a São José. À medida que se vai enchendo o silo com sorgo, faz-se automaticamente a compactação do material para a retirada do ar. Esta operação é extremamente importante para a qualidade da silagem. Após o enchimento do silo, cobre-se com lona plástica e, sobre esta, põe-se uma camada de areia.



· Abertura do silo e fornecimento

Após 21 dias do enchimento do silo, o material ensilado é considerado silagem, podendo ser fornecido aos animais, no período seco. O fornecimento da silagem aos animais deve ser feito diretamente no cocho e pode-se adicionar uréia para melhorar o nível de proteína da ração.







· Composição química e valor nutritivo



Item
Silagens (%)


Sorgo
Milho

MS
37,60
35,63

PB
5,50
6,50

FB
25,80
22,30

DIVMS
68,00
72,00

Ca
0,43
0,36

P
0,12
0,22

K
1,18
1,57




3.3.2. Produção de feno

FENAÇÃO: é uma técnica de conservação de forragem que consiste em reduzir o teor de umidade da planta para valores entre 10 e 20%. O produto assim obtido chama-se feno.



· Forrageiras indicadas

As forrageiras utilizadas para obtenção de feno são as gramíneas, entre elas o capim buffel e corrente, que são capins de talos finos, e as leguminosas, como leucena e guandu. No processo de fenação o aspecto mais importante a considerar é o clima, pois o sucesso da operação vai depender da ausência de chuva e da baixa umidade relativa do ar.



· Etapas de fenação

As etapas para a produção de feno são: corte, viragem, secagem, enfardamento e armazenamento. O corte das gramíneas para fenação deve ser feito no início da floração e para as leguminosas quando surgirem as primeiras flores. O corte pode ser feito manual ou mecanicamente. O corte manual é feito com foice, serra, cutelo e outros. No mecânico, usa-se tração animal ou motorizada, através de segadeira ou ceifadeira. A segadeira é acoplada ao trator e regula a altura do corte. Após o corte, o material deve ficar exposto ao sol no campo, o tempo necessário para chegar ao “ponto de feno”. Este consiste em picar um pouco do material, colocar dentro de um vidro de boca grande (maionese ou nescafé) juntamente com sal, em seguida agita-se o vidro e coloca-se de cabeça para baixo. Se o sal ficar preso nas paredes do vidro, ainda não está no ponto ideal, pois isto indica que o material possui umidade. Se o sal sair todo, a forragem apresenta-se no “ponto de feno”. Quanto mais rápida for a secagem do material cortado, menores serão as perdas. Quando o feno atingir o ponto de 15 a 20% de umidade, inicia-se o enfardamento da forragem no campo ou faz-se medas no próprio local da secagem. O armazenamento dos fardos de feno deve ser feito em local seco e ventilado, aproveitando-se galpões, latadas e construções já existentes ou deixados no campo, cobertos com lona plástica. O feno de boa qualidade deve possuir coloração esverdeada, cheiro agradável, ter grande quantidade de folhas, ser macio, livre de impurezas e possuir boa digestibilidade.



· Uso do feno

O feno é um alimento que deve ser fornecido aos animais nos períodos de escassez de forragem, sendo de fácil transporte e distribuição. A quantidade de feno consumida pelos animais deve estar em torno de três quilos por 100kg de peso animal.



3.3.3. Feno de maniçoba

A fenação de espécies lenhosas é um pouco diferente da descrita anteriormente.



· O que é maniçoba e onde ocorre?

É uma planta da caatinga Nordestina, do gênero Manihot, com várias espécies, encontrada em quase todo o semi-árido brasileiro vegetando em diversos tipos de solo e em terrenos planos a declivosos. Possui grande resistência à seca por apresentar raízes com grande capacidade de reserva, mais desenvolvida que as da mandioca, sua parente próxima.



· Limitação do seu uso

A planta não deve ser fornecida fresca aos animais (logo em seguida ao corte) por apresentar, na sua composição, substâncias que, ao hidrolizarem-se, dão origem ao ácido cianídrico, ofensivo a todas as espécies animais.



· Uso correto da maniçoba

Sob a forma de feno pode ser fornecida aos animais, principalmente na estação seca. Durante a fenação, a planta é triturada e, em seguida, exposta ao sol, quando, então, o ácido cianídrico volatiliza-se (evapora) facilmente.



· Como fazer o feno

Ø No início das chuvas, quando a planta estiver bem enfolhada, cortá-la a 20 ou 30cm do solo.

Ø Eliminar os galhos grossos e aproveitar as folhas e ramos com a espessura de um lápis, no máximo.

Ø Triturar em forrageira de lâmina, as folhas e ramos, reduzindo-os a pedaços de um a dois centímetros.

Ø Espalhar o material triturado em camadas finas sobre lonas plásticas ou terreno cimentado, em ambiente aberto e exposto ao sol, por dois a três dias, até que o material esteja quebradiço.

Ø Remover (virar) o material várias vezes durante o tempo de exposição para facilitar a secagem e garantir a uniformidade do feno e sua qualidade.

Ø Após fenado, armazenar em sacos de ráfia ao abrigo da chuva.



· Valor forrageiro da maniçoba

A folhagem da maniçoba possui excelente aceitação pelos animais. Pode apresentar até 20% de proteína bruta e 60% de energia (NTD = nutrientes digestíveis totais). Assim, o valor nutritivo do feno de maniçoba, dependerá da quantidade de folhas na sua composição e das condições de secagem e armazenamento. Seu consumo poderá atingir 3,3% do peso vivo, entretanto, seu fornecimento, como o de qualquer outro alimento, nunca deve ser exclusivo ou único.

OBS. Em algumas espécies possuidoras de folhas pequenas (ex.: catingueira), dispensa-se a trituração.



3.4. Tratamento de forragem de baixa qualidade



3.4.1. Amonização de forragem com uréia

É o processo de se adicionar uréia diluída em água, havendo produção de amônia à forragem fibrosa, às palhadas e aos restos de culturas, para a melhoria das suas qualidades. A amônia atua nas partes mais fibrosas do material, quebrando a fibra (rompendo a ligação lignina-hemicelulose-celulose). Com isto, é possível um aumento da digestibilidade e do teor de proteína bruta, possibilitando um maior consumo pelos animais.



· Material que pode ser amonizado

Todos os materiais de baixa qualidade, ou seja, aqueles com elevado teor de fibra: restolhos de milho, sorgo, feijão, fenos obtidos de gramíneas e leguminosas em idade avançada (em maturação) e os resíduos agro-industriais (bagaço e bagacilho de cana, casca de arroz e feijão, sabugo e casca de milho, resíduos do sisal e outros).



· Etapas de amonização

Ø Acondicionar a forragem em camada dentro de um tonel, silo ou outro local e compactar ligeiramente. Qualquer material que acame bem não necessita ser picado. O teor de umidade da forragem deve ser no máximo de 30%. As palhadas normalmente têm o teor muito menor.

Ø Dissolver a uréia em água (5 litros/kg de uréia) e adicionar a cada camada da forragem. Deve ser aplicada na proporção de 5% do peso da forragem. Por exemplo, uma tonelada de palha requer 50kg de uréia.

Ø Cobrir o material tratado de maneira que fique bem vedado para evitar qualquer tipo de escapamento de amônia, que é um gás.



· Como fornecer aos animais

Após 20 dias o material amonizado poderá ser descoberto. Ele apresenta-se escurecido e com consistência macia.

Ø Depois de descoberto deixar o material ao ar livre por dois a três dias, para eliminar o excesso de cheiro de amônia.

Ø Fornecer aos animais na proporção de 1,5 a 2,0% do peso vivo. Exemplo: uma novilha de 300kg pode consumir de 4,5 a 6,0kg/dia.

Ø Adaptar os animais ao consumo do material fornecido, ofertando inicialmente quantidades menores.



3.4.2. Hidrólise de bagaço de cana com cal virgem

É um processo quase semelhante ao anterior, melhorando a digestibilidade do material (passando de 35 para 60%).



· Etapas

Ø Inicialmente é necessário que o material passe pelo processo de picagem para proporcionar uma maior superfície de exposição à ação hidrolizante. O material das usinas de açúcar já vem picado.

Ø Colocar o material em camadas.

Ø Preparar a solução de 3% de cal virgem, ou seja, para cada 100 litros de água adicionar três quilos de cal.

Ø Aplicar sobre a camada de bagaço picado um litro da solução para 1,25kg de bagaço, ou seja, a solução de 100 litros preparada acima, daria para 125kg de bagaço.



· Como fornecer aos animais

Após dois dias pode ser fornecido aos animais, no cocho ou armazenado por seis meses. Pode ser utilizado com palma, mandioca, cama de galinha etc.





· Composição química do bagaço hidrolizado



Composição química do bagaço hidrolizado (%)

PB
1,64

FDA
69,39


FB
33,72

FDN
57,59


EE
5,48

Lignina
15,64


Minerais
6,44

ENN
52,72


Cinza insolúvel
4,46






FONTE: Esalq



3.4.3. Enriquecimento protéico da forragem de cana “sacharina rústica”

O enriquecimento baseia-se na fermentação por microorganismos anaeróbicos que atuam nos açúcares existentes na cana, produzindo proteína microbiana, sendo a tecnologia de origem cubana (ICA). A cana-de-açúcar, apesar da sua alta produção e baixo custo, tem restrição alimentar para os ruminantes, principalmente pelos baixos teores de minerais e de proteína. Transformada em “sacharina” torna-se um alimento energético-protéico, além da correção mineral. O produto é obtido a partir da cana sem folhas e palhas.



· Preparação da “sacharina”

Faz-se necessário uma máquina forrageira, galpão para fermentação e uma lona para secagem.

Ø A cana é desfolhada, retiradas as pontas e deixada em repouso por aproximadamente 48 horas (cana de 24 a 48 horas de colhida).

Ø Tritura-se a cana e adiciona-se uma mistura mineral (fósforo 0,3%; sal fino 0,2%; uréia 1,5% e sulfato de magnésio 0,2%).

Ø Para cada tonelada de cana prepara-se uma mistura de 15kg de uréia e 5kg de sais minerais.

Ø O material é espalhado manualmente em piso de cimento, de modo uniforme, formando camadas de aproximadamente cinco centímetros de espessura.

Ø Revolver a mistura a cada seis horas.

OBS. Durante as primeiras 24 horas de fermentação, o material deve ficar em local coberto e arejado. O período de fermentação é de um dia e o de secagem dois dias. Para cada três toneladas de cana, obtém-se uma de “sacharina”. O material poderá ser armazenado em sacos por seis meses, com um mínimo de 86% de matéria seca.



· Em Cuba, a “sacharina” compõe as rações nas seguintes proporções, por espécies animais:


Bovino de corte e de leite
72 a 79%



Suínos
30 a 40%



Ovinos/caprinos
67%



coelhos
60%



em percentagens menores para aves e alevinos
-





· Composição bromatológica da “sacharina”


MS
86,0 – 90,0%



PB
12,0 – 14,0%



FB
24,0 – 30,0%



EE
0,8 – 1,1%



CINZAS
3,3 – 4,5%



Ca
0,3 – 0,5%



P
0,2 – 0,3%







3.5. Cultivo e utilização da palma forrageira

Os cultivares de palma gigante e redonda (Opuntia fícus indica Mill) são as mais plantadas em Pernambuco, e a palma miúda ou doce (Nopalea cochenillifera Salm Dyck) no Estado de Alagoas. O IPA vem trabalhando com um clone (IPA-20) para distribuição futura aos agricultores. O material selecionado chegou a produzir 50% mais que a palma gigante, quando adubada. A palma é um importante alimento podendo participar em até 40% da matéria seca (MS) da dieta dos bovinos, possuindo digestibilidade média de 75%, superior à silagem de milho, sendo um alimento de alto valor energético. Esta forrageira deve ser fornecida aos animais, junto com outros alimentos, como palhadas de culturas, pastos secos, capins de corte, feno e silagens, para corrigir seu baixo teor de fibra (8 a 13%) e evitar diarréias, e com torta de algodão e farelo de soja para aumentar o teor protéico da ração. É uma cultura adaptada às condições adversas do semi-árido, tendo bom rendimento em áreas de 400 a 800mm anuais de chuva, umidade relativa acima de 40% e temperatura entre 18 e 30ºC. Deve ser cultivada em solos leves (argilo-arenosos), de boa fertilidade, não sujeita evitando-se terrenos com muita pedregosidade e rochosidade, pois dificultam as limpas, colheitas e transporte, aumentando as despesas.



· Cultivo de palma

O período ideal de plantio corresponde ao terço final da época seca, esperando-se que em breve (± dois meses) ocorram as primeiras chuvas, garantindo a “pega”. Na estação chuvosa ocorre muito apodrecimento das raquetes, pelo alto teor de água da mesma e do solo, favorecendo a contaminação por fungos e bactérias. Caso haja necessidade de se realizar o plantio nessa época, é fundamental que a raquete fique em repouso à sombra por alguns dias para perder o excesso de água.



· Preparo da área

Ø Desmatamento – pode ser manual (broca) ou mecânico, com trator ou à tração animal.

Ø Destoca – também manual (com chibancas) ou mecânico, com trator. Ambos os casos quando se pretende fazer o plantio em sulcos.

Ø Aração ou gradagem – estando o terreno destocado e se o solo for profundo (aluvião, por exemplo) pode-se proceder a aração e posteriormente a gradagem e, caso contrário, somente a gradagem.

Ø Abertura de sulcos – devem ter uma profundidade de 20cm e o espaçamento vai depender do sistema a ser adotado pelo criador.



· Plantio propriamente dito

A posição da raquete dentro da cova ou do sulco pode ser inclinada ou vertical, com a parte cortada voltada para o solo, enterrando-se até a metade do seu tamanho, para que fique firme no solo, e plantada no sentido da largura do artículo, obedecendo a curva de nível do terreno. O corte da raquete para o plantio ou mesmo para fornecer aos animais, deve ser na articulação, para evitar maior exposição do conteúdo interno sujeito à contaminação já referida.



· Espaçamentos recomendados

1,0m x 0,25m = palma adensada. Se o produtor precisar fazer corte a cada dois anos e obter grandes produções. Este plantio necessita de várias capinas e adubação. A palma é uma cultura que responde muito bem a essas práticas.

1,0m x 0,50m = alimento estratégico. A colheita pode ser entre dois e quatro anos, havendo acúmulo de produção sem perda do valor nutritivo.

3,0m x 1,0m x 0,50m = palma em fileiras duplas. Cultivada com a finalidade de consórcio com culturas alimentares todos os anos. Facilita também os tratos culturais por tração animal e mecânicos.

2,0m x 0,50m e 2,0m x 1,0m = espaçamento simples. Utilizados em consórcios apenas no ano do plantio e após a colheita. Nos plantios consorciados além da produção de grãos, têm-se o restolho para alimentação animal, que deve ser fornecido associado à palma como discutido no início.



· Adubação

Pode ser considerada nos dias atuais uma prática indispensável em qualquer espaçamento do cultivo da palma. Todo pecuarista sabe hoje da importância dessa cultura para a produção e sobrevivência dos seus rebanhos. O que poucos sabem é que a mesma dá respostas econômicas à adubação. A adubação pode ser química, usando-se quantidades de nutrientes, de acordo com a análise de solo e/ou orgânica, utilizando-se esterco de curral ou de caprinos. No plantio em sulcos, distribui-se ao longo destes, dois a três quilos de esterco por metro corrido, e em covas, colocar no fundo destas, 500 a 750 gramas de esterco.

A adubação pode ser ainda química + orgânica. Adubação deve ser feita tanto no plantio quanto após a colheita, sempre na época chuvosa.



· Tratos culturais

Ø Capinas e roços manuais, mecânicos (roçagem ou gradagem leve) e à tração animal de acordo com os espaçamentos utilizados.

Ø Uso de herbicida – O IPA vem testando com sucesso o uso de herbicidas. Os mais eficientes foram à base de AMETRYNE, DIURON e TEBUTHIURON, porém os mesmos só serão recomendados após os resultados das análises de resíduos de agrotóxicos e do registro do produto. O herbicida deverá ser utilizado logo após as primeiras chuvas depois do plantio.



· Combate às pragas e doenças

A praga mais importante é a cochonilha (Diaspis echinocacti – Bouché, 1833) que é satisfatoriamente controlada pelos inimigos naturais, as joaninhas (preta-pequena, preta-média, amarela e preta e marrom) e as vespinhas. Em caso de ataques mais severos, pode-se usar óleo mineral a 1% ou querobão (100g de sabão em barra, 100g de fumo de corda + uma colher de querosene e 10 litros de água). As doenças mais comuns são a podridão-mole causada por bactéria e a podridão-preta causada por fungo, que, aparentemente, não causam grandes danos às culturas.



· Colheita

Para cultivos com espaçamentos menores ou adotando-se culturas intercaladas, deve-se deixar todos os artículos primários, e em espaçamentos com fileiras duplas, deixar todas as secundárias. A palma é colhida manualmente e a intervalo de corte normalmente de dois anos.


PRODUÇÃO (RESULTADOS DE PESQUISA EM CARUARU E ARCOVERDE)
· Espaçamento de 1,0m x 0,25m (adensado = 40 mil plantas/ha = 240t MV/ha – 1º corte).

· Espaçamento de 1,0m x 0,50m (20 mil plantas/ha) = 170t MV/ha .

· Espaçamento de 2,0m x 1,0m (5 mil plantas/ha) = 100t MV/ha.

· Espaçamento de 3,0m x 1,0m x 0,5m (consorciado com sorgo) = 100t MV/ha + 1,3t MS/ha/ano de grãos + 2,1t MS/ha/ano de restolhos.

Os sistemas de plantio de 2,0m x 1,0m e 3,0m x 1,0m x 0,50m permitem colheitas a cada quatro anos, com produção duas vezes superior às colheitas a cada dois anos. Em colheitas anuais (1,0m x 0,50m) = 20 mil plantas/ha, a palma miúda produziu 68t MV/ha = 9,4t MS/ha, adubada com 20 t/ha ano de estrume de curral. A palma, após a colheita, pode ser utilizada de imediato ou mantida à sombra até 16 dias, para ser fornecida aos animais, sem que haja perda do valor nutritivo.



COMPOSIÇÃO QUÍMICA E VALOR NUTRITIVO




Itens
Cultivares (%)

Redonda
Gigante
Miúda

Matéria seca
11,00
10,20
15,40

Proteína bruta
5,00
5,30
3,50

Fibra bruta
10,70
11,00
8,00

DIVMS
74,40
75,00
77,40

Ca
2,88
2,78
2,25

P
0,14
0,13
0,10

K
2,45
2,11
1,50

Carboidratos solúveis
29,10
29,50
57,90


DIVMS = Digestibilidade “In Vitro” da Matéria Seca




ESTIMATIVAS DO CUSTO DE IMPLANTAÇÃO DE UM HECTARE DE PALMA




Itens
Custos (R$) para os espaçamentos

2,0m x 1,0m
1,0m x 0,50m
1,0m x 0,25m
3,0m x 1,0m x 0,50m

Preparo do solo
50
50
60
60

Plantio
90
170
260
100

Sementes/transporte
70
250
500
120

Adubação orgânica
250
250
250
250

Adubação com fósforo
100
100
100
100

Limpas
360
390
480
360

Totais
920
1210
1650
950

E.C.P (R$/kg MS 1º corte)
0,107
0,100
0,101
0,118

E.C.P (R$/kg MS 2º corte)
0,112
0,098
0,096
0,121


E.C.P. = Estimativas de Custo de Produção.



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