Por: da France Presse, em Seul (Coréia do Sul) A Coréia do Norte declarou hoje ter superado "todos os obstáculos técnicos" para a fabricação da bomba atômica a partir do plutônio extraído de barras de combustível irradiado.
A agência de notícias oficial, KCNA, afirmou que foi feita a reciclagem de 8.000 barras de combustível nuclear terminal e que a Coréia do Norte começou a utilizar os materiais extraídos para fabricar bombas nucleares.
O Ministério das Relações Exteriores norte-coreano declarou ontem que o país terminou a reciclagem de 8.000 barras de combustível nuclear para poder fabricar cinco ou seis bombas e deu a entender que havia começado a utilizar o plutônio para produzir armas atômicas.
Oficialmente, em princípio, o combustível devia ser utilizado para fins civis, na produção de eletricidade no reator de cinco megawatts de Yongbyon, 90 km ao norte de Pyongyang.
Preocupantes
Segundo a KCNA, o reator, que teria um "papel-chave" no conjunto da cadeia de atividades nucleares, reiniciou suas operações de maneira normal e está pronto para continuar obtendo plutônio de outras barras de combustível irradiado.
O secretário de Estado americano, Colin Powell, considerou que são muito preocupantes as afirmações de Pyongyang sobre a reciclagem do combustível, principalmente porque não se pode confirmar sua veracidade.
Powell disse que os Estados Unidos continuarão trabalhando com a Coréia do Sul, Japão e China para tentar encontrar os meios para convencer a Coréia do Norte a pôr um fim a suas ambições nucleares.
O Japão lamentou hoje o anúncio da reciclagem das 8.000 barras, mas reconheceu não "provas tangíveis".
Crise
A ministra japonesa das Relações Exteriores, Yuriko Kawaguchi, estimou que esta declaração vai contra as conversações organizadas no final de agosto, em Pequim, pelos seis países envolvidos na crise nuclear norte-coreana (as duas Coréias, China, Estados Unidos, Japão e Rússia).
A crise nuclear explodiu em outubro de 2002, quando Washington acusou Pyongyang de ter reiniciado seu programa nuclear violando assim um acordo bilateral de 1994.
Em seguida, a Coréia do Norte se retirou do Tratado de Não-Proliferação Nuclear e reconheceu suas intenções quanto à obtenção de armas nucleares.
Alguns analistas estimaram que essas declarações buscam reforçar a posição de Pyongyang em futuras negociações, tática utilizada regularmente pelo regime norte-coreano. |