Por: Deputado INOCÊNCIO OLIVEIRA Roberto Marinho poderia dizer que veio para ver e realizar o sonho da modernidade brasileira.
O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PFL/PE pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados: O Imperador romano Júlio César costumava usar uma legenda em suas batalhas heróicas: “Vim, vi e venci”. À moda dos romanos e apesar do estilo sóbrio que lhe era peculiar, o brasileiro Roberto Marinho poderia dizer que veio para ver e realizar o sonho da modernidade brasileira. Ao desfrutar a dádiva divina de ser um longevo, o doutor Roberto alcançou os 98 anos de vida, no desvelo dos seus entes queridos, no respeito dos seus pares e na admiração da sociedade brasileira e internacional. Brasileiro em sua plenitude, Roberto Marinho irradia sua presença em todas as latitudes deste País, através dos meios de comunicação e do acervo de obras que deixou para a posteridade. Um sinal da TV Globo nos sofisticados estúdios do Projac, no Rio de Janeiro, assim como as transmissões da afiliada TV Asa Branca, no Agreste de Pernambuco, levando a comunicação e a informação a todas as regiões do País, esses sinais e esses símbolos irradiam a presença indelével de Roberto Marinho como um dos protagonistas da revolução tecnológica que hoje integra milhões de brasileiros e os torna contemporâneos da modernidade. Muito já foi dito e escrito e continuará sendo registrado sobre o doutor Roberto Marinho. Para não se tornar repetitivo, este parlamentar pretende assinalar o traço mais marcante desse personagem emblemático da vida brasileira que se tornou um dos símbolos da revolução da modernidade que aconteceu no Brasil, sobretudo a partir da segunda metade do século 20, sendo ele um dos principais protagonistas desse momento histórico. Este é o nosso gesto e a nossa palavra ao reverenciar, desta tribuna parlamentar, um dos principais personagens da história do brasil no ano do seu centenário de nascimento. Nascido no começo do século passado no Rio de Janeiro, o filho do jornalista Irineu Marinho e de dona Francisca Pisani Marinho respirou a atmosfera de fermentações sociais que levaria o Brasil a descortinar os horizontes da modernidade brasileira, a partir da Semana da Arte Moderna, no ano de 1922, em São Paulo, as efervescências políticas e sociais na então Capital da República, rumo à Revolução Industrial e à chamada Revolução dos Tenentes em 1930. Ao conviver, ainda menino, com o pai na redação e nas oficinas do jornal O Globo, impregnou-se das tintas e das imagens da comunicação, por isso ele trazia o jornalismo, as artes e as ciências humanas nas veias e no sangue. Nesta sua origem estava escrito, como dizem os orientais, o seu caminho como jornalista e como empresário das comunicações. O caminho das letras resultou dessa sua formação humanística. “Uma trajetória liberal”, livro publicado em 1992 em plena “idade da razão”, é o testemunho de uma vivência centrada e avessa aos radicalismos. Nesse livro circulam figuras proeminentes que movimentaram a cena política brasileira na segunda metade do século 20, a exemplo de Carlos Lacerda, Tancredo Neves e Luís Carlos Prestes. Numa retrospectiva histórica brasileira nas últimas décadas, hoje parece nítida a conclusão de que a figura de Roberto Marinho em meio às exacerbações e aos radicalismos políticos que por vezes turvaram o ambiente social e produziram julgamentos críticos na base do passionalismo, ao invés da racionalidade. Nesses momentos de radicalismos desprovidos de serenidade e sem expressão da verdade, os verdadeiros liberais por vezes eram rotulados de “reacionários”, enquanto os títulos de “progressistas” eram distribuídos apenas com base em slogans ou motivações panfletárias. Em meio a esses sectarismos, tantas vezes o nome de Roberto Marinho chegou a ser estigmatizado em manifestações de infantilismo ideológico. Roberto Marinho pertence à galeria dos empreendedores do Brasil em dimensão maior, ao lado de figuras históricas do passado mais distante tipo um Barão de Mauá, o visionário Delmiro Gouveia, ou mesmo seus contemporâneos de século, o empresário Ermelino Matarazzo, José Ermírio de Moraes e o também jornalista Assis Chateaubriand, que também criou um império de comunicações, os Diários e Emissoras Associados, com suas diferenças de época, de personalidade e de estilo. Os atuais sucessores da família Marinho e seus colaboradores fazem jus ao acervo de realizações e ao ideário desse admirável personagem da história brasileira. Além de realizador de sonhos e empreendedor pioneiro, Roberto Marinho também está presente na galeria dos novos redescobridores do Brasil, na área da imprensa, das comunicações e das telecomunicações, junto com humanistas, sociólogos e economistas da dimensão de um Gilberto Freyre, Celso Furtado, Caio Prado Júnior e Raimundo Faoro, eles que descobriram nossa formação econômica e social. Rendo, portanto, minhas reverências à memória desse brasileiro e construtor de sonhos em dimensão maior, no ano do seu centenário de nascimento. Muito obrigado! Sala das Sessões, em 07 de dezembro de 2004. Deputado INOCÊNCIO OLIVEIRA
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