Por: site: políca para político Cada eleição é igual a todas as outras, e cada eleição é diferente de todas as outras.
Publicado em 10 de Novembro de 2003. SITE: política para político Descubra o "estado de espírito"do eleitor Cada eleição é igual a todas as outras, e cada eleição é diferente de todas as outras. As duas afirmações são igualmente verdadeiras. Cada eleição reproduz o mesmo roteiro básico, no interior do qual os candidatos, a mídia, e os eleitores, praticam rotinas mais ou menos previsíveis, usando um mesmo lastro comum de técnicas e métodos de campanha, variando entre si na forma como usam estes procedimentos. Mas cada eleição ocorre num momento que é único e singular. Os fatos e sentimentos que circunstanciam cada eleição, portanto, fazem com que elas sejam diferentes entre si. São diferenças decorrentes da própria dinâmica política que ocorreu no espaço do último mandato; de fatores regionais, nacionais ou mesmo internacionais que atingem a população; a pessoa dos candidatos, sua imagem e biografia; as mudanças culturais que removem certos temas do debate e introduzem outros; e, o que é mais importante, a forma como o eleitor reage a estas novas circunstâncias. Na realidade, toda a eleição propõe uma pergunta e, ao seu final dá a resposta àquela pergunta. O objetivo de cada candidato é o de tornar sua aquela pergunta, e fazer prevalecer a convicção de que a única forma de respondê-la adequadamente lhe seja favorável. A habilidade de um candidato para definir a "questão" da eleição como lhe convém, impô-la aos adversários e respaldá-la na opinião pública, equivale a uma vitória antecipada. Não é nada fácil conseguir realizar este objetivo. Em primeiro lugar, ele é um problema intelectual, de natureza estratégica. Dependerá da qualidade do seu trabalho estratégico resolver o enigma intelectual que a pergunta propõe. Supondo-se que esta dificuldade tenha sido bem resolvida, é preciso, em segundo lugar, ter sucesso em impô-la aos adversários. Este é um desafio de grandes proporções, já que, à sua maneira, com maior ou menor habilidade, todos estão tentando o mesmo Supondo-se novamente que o candidato conseguiu impor aos adversários a sua pergunta, resta ainda, em terceiro lugar lograr que o eleitor a considere igualmente como "a questão" da eleição, e, last but not least, venha a concordar com a resposta que o candidato apresenta para ela. Finalmente, em quarto lugar, a mídia também está em busca da pergunta da eleição, para impô-las a todos os candidatos. Como se vê, pautar a campanha com a sua pergunta, é uma tarefa difícil e de grande complexidade. Não obstante, deve sempre ser buscada pelos candidatos. O fato é que cada eleição acaba por encontrar a sua pergunta básica, a questão principal, em torno da qual os candidatos são comparados. Se você não conseguir impor a sua, ou seus adversários conseguirão, ou a mídia vai impô-la. O caminho mais curto, mais seguro, e mais eficiente é começar pelo fim. Você deve buscar a "questão"da eleição junto aos eleitores. Este é o atalho estratégico que, uma vez encontrado, e, quanto mais cedo for encontrado,outorga-lhe as condições de pautar a campanha. Identificando as opiniões dos eleitores, sobre o cargo, sobre os candidatos, sobre os problemas prioritários, sobre suas expectativas e sua disposição inicial de voto, você está estabelecendo um piso sólido, sobre o qual edificar sua estratégia, e suas propostas. Identificando os sentimentos básicos de esperança, medo, insegurança, desejos, preconceitos, hostilidade, admiração, desejo de mudar, e outros da mesma natureza, você estará extraindo a essência de sua publicidade e propaganda, assim como de seu discurso. Identificando os valores e princípios morais e políticos básicos e mais valorizados como honestidade, firmeza, experiência, inovação, capacidade de trabalho, franqueza e confiabilidade, humildade, ousadia, simplicidade etc, você estará coletando as informações indispensáveis para definir e afinar a sua imagem. Você vai ter acesso a essas informações, com a confiabilidade que necessita, mediante pesquisas - quantitativas e qualitativas - muito bem concebidas, e muito bem analisadas. Além das pesquisas, não se deve subestimar também a especial sensibilidade (feeling) para avaliar o contexto no interior do qual a campanha vai ocorrer, e o possível "estado de espírito" do eleitor. Conforme a eleição, o eleitor nela se inclui às vezes com um incontornável desejo de mudança. Em outras com uma decidida determinação de continuidade. Em algumas está atraído pela novidade, em outras pelo conhecido. Em outras ainda quer com seu voto aplaudir. Já em outras quer usá-lo como uma arma de protesto. Se o número de eleitores que possui sentimentos como estes é pequeno, o espaço para conquista de votos está aberto. Se, entretanto, a maioria dos eleitores está dominada por um sentimento forte em alguma direção definida, não se atreva a tentar mudá-lo, nem ir contra ele. Por isso, entender o "estado de espírito" do eleitor é tarefa de tanta importância e complexidade. No período pré-campanha, o candidato já deve dedicar, parte do tempo da sua equipe, para discutir e debater esta questão. Este "estado de espírito" pode inviabilizar uma candidatura, independentemente do mérito do candidato; assim como pode eleger um candidato inferior porque está em sintonia com ele. A razão para a recomendação, de que se deve começar por identificar este estado de espírito, reside no fato de que: · se a sua candidatura "sintonizar"com os sentimentos mais fortes do eleitor; · coincidir com suas opiniões mais firmemente mantidas; · e respeitar e se adequar aos valores morais e políticos básicos que ele subscreve; · você terá identificado a "questão" daquela eleição, adaptado a sua campanha para respondê-la, e, provavelmente conseguirá o lastro político do respaldo do eleitor. Com estes elementos a seu favor, você pauta a campanha, e impõe seu tema (que também é dos eleitores) aos adversários.
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